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O que se sabe sobre o desastre aéreo na Coreia do Sul

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Um avião de passageiros incendiou-se quando aterrava hoje num aeroporto na Coreia do Sul, matando 179 pessoas, num dos desastres aéreos mais mortíferos da história do país.

Houve apenas dois sobreviventes no voo 2216 da companhia de baixo custo Jeju Air, segundo as autoridades.

Um vídeo mostrou o avião a derrapar e ultrapassar a pista de aterragem e depois a colidir com uma barreira no aeroporto. O trem de aterragem dianteiro aparentemente não foi acionado.

Eis algumas perguntas e respostas sobre o desastre aéreo:

O que aconteceu? 

O jato Boeing 737-800, proveniente de Banguecoque, despenhou-se ao aterrar no aeroporto de Muan (sudoeste), a cerca de 290 quilómetros a sul da capital, Seul, às 09:03 locais (00:03 se Lisboa), segundo o Ministério dos Territórios.

As autoridades do Ministério dos Transportes disseram que a torre de controlo do aeroporto emitiu um alerta de colisão com aves aos pilotos pouco antes da sua intenção de aterrar e deu-lhes permissão para usar uma área diferente.

Um vídeo transmitido pela emissora sul-coreana MBC mostra o avião a aterrar com fumo a sair dos motores, aparentemente sem trem de aterragem. A aeronave saiu da pista e ficou envolvida pelas chamas.

Apenas dois sobreviventes

Todos os 175 passageiros e quatro dos seis tripulantes a bordo morreram.

Os passageiros eram todos coreanos, exceto dois tailandeses, uma criança de 3 anos e um homem de 78, disseram as autoridades.

As equipas de socorro resgataram dois tripulantes dos destroços do avião.

Segundo o 'site' especializado Flightradar, o avião, um Boeing 737-800 da empresa sul-coreana de baixo custo Jeju Air, entrou ao serviço em 2009.

Como estão a decorrer as operações de socorro? 

Centenas de membros da equipa de resgate, incluindo bombeiros e soldados, foram enviados para o local.

Os familiares aguardavam no primeiro andar do aeroporto.

Imagens transmitidas pelos canais de televisão locais mostraram a aeronave completamente carbonizada, com exceção da cauda, e corpos envoltos em mortalhas azuis retirados em macas.

O Presidente sul-coreano em exercício, Choi Sang-mok, presidiu a uma reunião governamental de emergência e visitou hoje o local.

O Governo declarou Muan uma zona de catástrofe especial.

Kim E-bae, presidente da Jeju Air, fez uma profunda vénia a outros altos funcionários da empresa ao pedir desculpa às famílias enlutadas e afirmou que sente "total responsabilidade" pelo desastre.

A Boeing também apresentou condolências e disse em comunicado na rede X que está pronta para apoiar a empresa na investigação do acidente.

O que provocou o acidente? 

Serão necessários meses para determinar as causas. Mas existem algumas pistas possíveis.

Lee Jeong-hyeon, chefe do corpo de bombeiros de Muan, disse que os trabalhadores estavam a analisar várias possibilidades, incluindo se a aeronave foi atingida por aves.

"Suspeita-se que a causa do acidente tenha sido uma colisão com aves combinada com condições meteorológicas desfavoráveis. Mas a causa exata será anunciada após uma investigação", disse Lee Jeong-hyun.

Os primeiros elementos noticiados pela agência de notícias sul-coreana Yonhap deram conta de um "mau funcionamento do trem de aterragem".

Segundo a mesma fonte, a aeronave aterrou de barriga e incendiou-se ao embater numa vedação no final da pista.

Questionado sobre a possibilidade de a pista de aterragem ser demasiado curta, um responsável disse que isso provavelmente não era um fator.

"A pista tem 2.800 metros de comprimento, ou 9.200 pés, e os aviões de tamanho semelhante utilizam-na sem problemas", esclareceu.

As duas caixas negras -- o gravador de dados de voo e o gravador de voz da cabine -- foram recuperadas.

Quais os perigos das colisões de aves?

As colisões de aves, que podem causar danos significativos no motor ou no pára-brisas, são a causa de muitos acidentes aéreos.

Na maioria dos casos, a colisão ocorre durante a descolagem ou aterragem, quando os motores estão a trabalhar a toda a velocidade. Os danos materiais variam desde uma simples deformação do bordo de ataque da asa até à destruição parcial ou total do reator.

Um dos casos mais famosos remonta a janeiro de 2009, quando o piloto de um Airbus A320 da US Airways com 155 pessoas a bordo conseguiu aterrar de emergência no rio Hudson, em Nova Iorque, após uma colisão deste tipo, e salvou todos os ocupantes.

 E quanto aos acidentes aéreos anteriores? 

Este é o primeiro acidente mortal na história da Jeju Air, fundada em 2005.

Em 12 de agosto de 2007, um Bombardier Q400 da sua frota que transportava 74 pessoas despistou-se sob ventos fortes no aeroporto de Busan-Gimhae (sudeste), provocando cerca de 10 feridos ligeiros.

Antes do acidente de hoje, o acidente de avião mais grave da história da Coreia do Sul foi a queda de um Boeing 767 da Air China vindo de Pequim contra uma colina perto do aeroporto de Busan-Gimhae, que fez 129 mortos a 15 de abril de 2002.

O último acidente mortal numa companhia aérea sul-coreana foi o de um Boeing 777 da Asiana Airlines que falhou a aterragem no aeroporto de São Francisco, matando três pessoas e ferindo 182 a 6 de julho de 2013.

O desastre mais mortífero para uma empresa sul-coreana continua a ser o de um Boeing 747 da Korean Air, que ligava Nova Iorque a Seul via Anchorage (Alaska), que foi abatido por um caça soviético sobre o Mar do Japão, causando a morte de 246 passageiros e 23 tripulantes em 1 de setembro de 1983.

No entanto, os especialistas acreditam que o setor do transporte aéreo sul-coreano é globalmente fiável e seguro.