Tomada de decisão
De um modo constante, tendo ou não consciência do facto, tomamos decisões. Umas de maior importância, ou mesmo de importância crítica (pessoais e empresariais, familiares e de vida) outras de que…nem nos damos conta.
A situação é tão comum que pouca gente se debruça sobre ela, ou estuda, e muito menos questiona o processo que leva à tomada de decisão.
Situação recente da minha vida, que me obrigou a tomar uma decisão que pode ter sido…vital, levou-me a tentar consciencializar o processo que me orientou para a decisão, esforçando-me por considerar os aspectos, objectivos, factuais, emocionais, controlo do medo, evitar tomar os desejos por realidade e tomar decisões ou seguir raciocínios baseados nesses desejos, aligeirar pressão de quem me rodeia (com as melhores das intenções), identificar o melhor possível o que estava em jogo (o problema), avaliar alternativas (e possíveis consequências), fazer uma boa análise custo/benefício de tomar determinada decisão e avaliar, também, o custo/benefício de não a tomar.
Concluí, rapidamente, mas de um modo doloroso, que a tomada de decisão (em especial, no meu caso específico) era um processo complexo facilmente influenciável por três principais factores: razão, emoção e intuição.
A razão envolve o uso da lógica, análise e pensamento crítico. Baseia-se em factos, dados e evidências objectivas e recolha de informações, nem sempre fáceis de obter. Nem sempre fiáveis. Sabendo isso, podemos ser levados a uma paralisia por excessivo tempo de análise e, assim, a decisão é postergada, procrastinada, quase até ao infinito.
Embora a decisão, quase sempre, requeira análise detalhada e planeamento, em especial quando se trata de decisões financeiras ou estratégias de negócios (abordagem racional), situações há em que esse tipo de abordagem não é suficiente nem deve ser exclusiva.
Há muitas situações em que é necessário balancear uma análise racional com uma perspectiva emocional, com intuição e com conhecimentos adquiridos em situações anteriores (“mutatis mutandis”).
Ora as emoções referem-se aos sentimentos e estados emocionais que influenciam as nossas decisões. Podem incluir alegria, medo, raiva e afecto. Muito importante, quando a decisão implica uma dose razoável de empatia, em especial nas relações pessoais e nos conflitos interpessoais. No entanto, as emoções podem levar a decisões impulsivas e nem sempre racionais, especialmente se forem intensas ou mal geridas. Ou se a pessoa não estiver no seu estado emocional “normal”.
A intuição é o “sentimento visceral” ou “pressentimento” que não é baseado em análise consciente, mas em experiências passadas e padrões reconhecidos pelo subconsciente.
Pode ser útil em situações em que as decisões precisam de ser rápidas ou quando não há tempo para uma análise detalhada.
Contudo, a intuição pode ser errática e influenciada por preconceitos subconscientes, o que pode levar a decisões erradas.
O ideal é quando se consegue a integração dos factores principais: razão, emoção e intuição. Validando, convenientemente, a utilização em maior ou menor extensão de cada um deles, de acordo com a circunstância. Raramente é fácil.
Utilizar a análise racional para entender os factos, mas não ignorar os sentimentos sobre a decisão. Reflectir sobre decisões importantes, permitindo que a intuição emirja, enquanto a análise lógica é feita, tendo em conta situações passadas.
Ter consciência de que, de um modo ou de outro, as emoções vão influenciar as decisões e tentar entender o que se sente em todos os momentos do processo.
Fazer validação cruzada da decisão: usar a razão (e as informações fidedignas obtidas) para validar as intuições e emoções. Se algo parecer certo intuitivamente, tentar encontrar dados ou argumentos racionais que suportem essa sensação.
E no fim do processo, uma vez a decisão tomada, colocá-la em execução ou em prática e esperar que tenha sido a mais acertada.
A devida avaliação final, só será possível de efectuar após a boa execução e os resultados obtidos.