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Novo chefe da "secreta" anuncia dissolução de todos os ramos de segurança na Síria

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O chefe dos serviços de informação sírios, Anas Khattab, anunciou hoje um plano que visa reestruturar uma instituição bastante temida durante o regime de Bashar al-Assad, e que passa pela dissolução de todos os seus ramos.

Durante as décadas de governação da dinastia de Bashar al-Assad e do seu pai, Hafez, os serviços de segurança foram usados como instrumentos de repressão contra a população síria.

"A instituição de segurança será reformada após a dissolução de todos os serviços e a sua reestruturação de uma forma que honre o nosso povo", disse Khattab, dois dias depois de ter sido nomeado para o cargo pelas novas autoridades que derrubaram Bashar al-Assad, em 08 de dezembro.

Num comunicado divulgado pela agência noticiosa oficial Sana, o novo líder da "secreta" apontou o sofrimento dos sírios "sob a opressão e a tirania do antigo regime, através dos seus vários aparelhos de segurança que semearam a corrupção e infligiram tortura ao povo".

No dia da queda de Bashar al-Assad, milhares de presos políticos foram libertados, nomeadamente na grande cadeia Sednaya e Palestina, em Damasco, após a fuga de funcionários e agentes de segurança do regime.

A maioria destes locais está agora sob a proteção de combatentes rebeldes da Organização para a Proteção do Levante (Hayat Tahrir al-Sham HTS), que liderou a coligação armada que tomou o poder em Damasco.

"Os serviços de segurança do antigo regime eram numerosos e variados, com diferentes nomes e afiliações, mas todos tinham em comum o facto de terem sido impostos ao povo", prosseguiu Khattab.

O destino de dezenas de milhares de prisioneiros e de pessoas desaparecidas constitui um dos aspetos mais dolorosos da tragédia síria, num país dilacerado por mais de 13 anos de uma guerra sangrenta que deixou mais de meio milhão de mortos.

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), mais de 100 mil pessoas morreram nas prisões e centros de detenção sírios desde o início do conflito.

Na quinta-feira, as forças de segurança detiveram no oeste do país um general que chefiava a justiça militar no antigo regime. É acusado de ser responsável pela condenação à morte de milhares de pessoas detidas em Sednaya, nos arredores de Damasco, segundo ativistas.

Na Europa, desde 2022 foram proferidas várias condenações de antigos oficiais superiores dos serviços de informação sírios acusados ??de tortura e outros abusos.