Maria Corina Machado apela à mobilização de polícias e militares "para derrubar o último obstáculo à liberdade"
A líder opositora Maria Corina Machado enviou hoje uma mensagem aos polícias e militares da Venezuela a pedir que definam o seu posicionamento porque, segundo defendeu, chegou o momento "para derrubar o último obstáculo" para a liberdade.
A viver na clandestinidade desde as eleições presidenciais de 28 de julho, Maria Corina divulgou esta mensagem num vídeo, quando faltam duas semanas para o dia 10 de janeiro de 2025, data em que o próximo Presidente da Venezuela tomará posse para um mandato de seis anos.
"Cidadãos militares, polícias, o povo da Venezuela está unido num só clamor e já falou claramente. Chegou a hora da definição e todos sabemos que cada qual, no seu íntimo, tomou a decisão certa e só está à espera da resolução coletiva para atuar. Chegou o momento de derrubar o último obstáculo que nos separa da liberdade", referiu a líder da oposição venezuelana no vídeo divulgado nas redes sociais.
No vídeo, com uma duração de cerca de cinco minutos, Maria Corina começa por recordar aos militares e polícias que a pátria lhes conferiu "o dever, a honra e o privilégio de ostentar as armas e as insígnias da nação" com "o objetivo sagrado e exclusivo de defender a segurança dos venezuelanos, a integridade do território e a plena vigência da ordem constitucional e democrática" na Venezuela.
"Esta tarefa que vos foi confiada só faz sentido se respeitarem o mandato popular e soberano expresso nas urnas e se agirem no estrito respeito dos termos da nossa Constituição. É por isso que hoje quero apelar à vossa consciência para que se interroguem se estão verdadeiramente a usar as armas que vos foram dadas pelo vosso país para os deveres sagrados de prevenção e proteção da nossa nação", afirmou.
Nas mesmas declarações, a líder opositora também insta os militares e polícias a analisar a organização a que pertencem, e a questionarem-se se estão orgulhosos da situação atual e se sentem que são parte de uma mudança para um caminho "luminoso e decente".
"Perguntem-se também se essas armas que a Constituição vos deu em vez de estarem a ser usadas para defender o povo venezuelano não estariam a ser usadas para o subjugar e massacrar. Verifiquem, na privacidade da vossa consciência, se os vossos superiores não vos estão a pedir que sejais aquele soldado que (Simón) Bolívar amaldiçoou por usar armas contra o seu próprio povo", prosseguiu.
A líder opositora também questiona se as armas da Venezuela não estão a ser usadas para "servir um círculo de corruptos e criminosos para viverem uma boa vida enquanto o país está a esvair-se em sangue".
"Vós, melhor do que ninguém, sabeis que a vontade popular e soberana do povo venezuelano foi claramente expressa em 28 de julho. Nesse dia, o nosso povo manifestou a sua vontade de mudança (...). Perguntem-se então se o silêncio não os torna cúmplices da tirania atual, se a obediência indevida não os coloca ao serviço de um punhado de criminosos e se a inação neste momento não os torna vitimários dos seus próprios irmãos venezuelanos", sublinhou.
"Eles usam aqueles que os servem e quando não são úteis perseguem-nos, prendem-nos, torturam-nos e em alguns casos assassinam-nos", denunciou ainda, concluindo o vídeo com a frase: "Vemo-nos em breve nas ruas da Venezuela".
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente e recandidato Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos.
A oposição afirma que Edmundo González Urrutia (atualmente exilado em Espanha) obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e têm exigido que o CNE apresente as atas de votação para uma verificação independente.