Ataques aéreos do Paquistão no Afeganistão mataram 46 pessoas, mulheres e crianças
Os ataques aéreos do Paquistão no leste do Afeganistão mataram 46 pessoas, na sua maioria mulheres e crianças, disse hoje um funcionário do governo talibã, aumentando os receios de uma maior tensão nas relações entre os dois vizinhos.
Hamdullah Fitrat, porta-voz adjunto do governo afegão, disse que os mortos nos ataques que visaram quatro localidades em Barmal, um distrito na província de Paktika, eram refugiados, acrescentando que seis outros também ficaram feridos.
A operação de terça-feira destinava-se a desmantelar um centro de treino e a matar insurrectos em Paktika, no Afeganistão, segundo a Associated Press.
Na quarta-feira, Mohammad Khurasani, o porta-voz dos Talibãs paquistaneses ou Tehreek-e-Taliban Pakistan, afirmou num comunicado que 50 pessoas, incluindo 27 mulheres e crianças, morreram nos ataques.
Segundo este responsável, tratam-se de "refugiados desarmados" que fugiram para o Afeganistão devido à ofensiva paquistanesa no noroeste do país.
O TTP - um grupo separatista, mas também um aliado próximo dos talibãs afegãos - também partilhou fotografias, alegando que eram de crianças mortas durante a operação paquistanesa.
Os ataques ocorreram horas depois de Mohammad Sadiq, representante especial do Paquistão para o Afeganistão, se ter deslocado a Cabul para discutir uma série de questões.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Afeganistão, em Cabul, convocou o enviado paquistanês e apresentou um forte protesto contra os ataques do exército paquistanês.
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que, enquanto um representante do governo civil do Paquistão estava ocupado em conversações com os funcionários afegãos, os ataques foram efetuados pelo exército paquistanês para "criar desconfiança nas relações entre os dois países".
A nota refere ainda que Cabul "não aceitará a violação do território do país em nenhuma circunstância, e o país está pronto a defender a sua independência e o seu território" e "tais ações irresponsáveis terão definitivamente consequências".
Entretanto, residentes na zona disseram, por telefone, a um jornalista da AP, que pelo menos 13 pessoas tinham morrido, acrescentando que o número de mortos poderia ser superior. Disseram também que os feridos foram transportados para um hospital local.
O Paquistão não comentou os últimos ataques. No entanto, o exército paquistanês disse na quarta-feira que as forças de segurança mataram 13 insurgentes numa operação baseada em informações no Waziristão do Sul, um distrito localizado ao longo da província de Paktika, no leste do Afeganistão.
O Ministro do Interior do Paquistão, Mohsin Naqvi, elogiou "a corajosa força de segurança do Paquistão" numa declaração por ter frustrado "os desígnios nefastos" dos "terroristas". Não mencionou os ataques aéreos paquistaneses no Afeganistão
O Ministério da Defesa dos Talibãs denunciou os ataques na terça-feira e prometeu retaliação.