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Comunidade cristã em Gaza celebra o Natal entre destruição e luto

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Centenas de cristãos reuniram-se hoje para a missa da véspera de natal na Igreja da Sagrada Família em Gaza, num território devastado pela guerra.

A comunidade cristã nos territórios palestinianos congrega cerca de 1.100 pessoas e não foi poupada nos ataques de Israel ao movimento islâmico Hamas, a 07 de outubro de 2023.

Os serviços religiosos de hoje foram presididos pelo padre Gabriel Romanelli, com os fiéis "sem poderem ignorar as batalhas que continuam a travar-se à sua volta", como escreveu a agência France-Presse (AFP) numa reportagem com aquela comunidade em Gaza.

"Este Natal cheira a morte e destruição. Não há alegria, não há espírito festivo. Nem sabemos se sobreviveremos até ao próximo natal", disse George Al-Sayegh, que encontrou refúgio, durante semanas, numa igreja ortodoxa grega.

Na oração dominical do Angelus, no Vaticano, o Papa Francisco pediu um cessar-fogo em todas as frentes de guerra durante o natal e condenou a "crueldade" de bombardear escolas e hospitais na Ucrânia e em Gaza.

Francisco denunciou ainda que as autoridades israelitas negaram o acesso a Gaza ao Patriarca Latino de Jerusalém, o Cardeal Pierbattista Pizzaballa. O Papa é informado sobre a situação em Gaza através de telefonemas que faz para a paróquia da Sagrada Família, a única igreja católica na Faixa de Gaza.

A Santa Sé apoia a chamada solução dos dois Estados, israelita e palestiniano, e reconhece desde 2013 o Estado da Palestina, com o qual mantém relações diplomáticas.

No entanto, o apoio do Papa não é suficiente para aliviar a dor e a tristeza dos habitantes de Gaza, como Kamal Caesar Anton, para quem o período do natal será sempre de luto, por ter perdido a filha e a mulher, baleadas este mês por um atirador israelita perto da Igreja da Sagrada Família.

"Rezamos pela paz, para que a guerra acabe e todos possam viver em segurança", disse.

A guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas a Israel, em 07 de outubro de 2023, já causou a morte de 1.208 pessoas do lado israelita, a maioria das quais civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelitas e incluindo reféns que morreram ou foram mortos em cativeiro na Faixa de Gaza.

Mais de 45.000 palestinianos foram mortos na campanha militar de retaliação de Israel em Gaza, a maioria dos quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Governo do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.