Especialistas da ONU denunciam perseguição sistemática das mulheres no Irão
Os especialistas em direitos humanos das Nações Unidas denunciaram hoje a "crescente perseguição sistemática" sofrida no Irão pelas mulheres da minoria religiosa bahá'í, que constituem dois terços de todas as pessoas presas no país.
"Estamos preocupados com a crescente criminalização das liberdades de crença, opinião, expressão e participação na vida política e cultural dos baha'is no país", afirmaram os especialistas da ONU.
Estas mulheres são perseguidas através de detenções, interrogatórios, desaparecimentos forçados, rusgas às suas casas, confiscação dos seus bens e limitações à sua liberdade de movimentação, denunciaram os 16 especialistas numa declaração conjunta.
Um número significativo de bahá'ís detidas não tiveram direito a um processo justo durante os seus julgamentos e, em muitos casos, desconhece-se o local onde estão detidos.
Entre os especialistas estão a relatora da ONU para o Irão, Mai Sato, os seus homólogos para a liberdade de expressão, Irene Khan, e para os direitos das mulheres, Reem Alsalem, além de membros do grupo de trabalho da ONU sobre desaparecimentos forçados.
Em abril, a organização Human Rights Watch (HRW) afirmou que a perseguição da minoria bahá'i pelas autoridades iranianas desde 1979 constituía um "crime contra a humanidade".
O bahaísmo é uma religião monoteísta fundada no início do século XIX no Irão, cujo centro espiritual se encontra na cidade israelita de Haifa.
Ao contrário de outras minorias, a fé Bahá'i não é reconhecida pela Constituição iraniana nem tem representante no parlamento.
O seu número exato no Irão não é conhecido, mas pode chegar a várias centenas de milhares.