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Heróis do Mar ajudam luso-venezuelanos carenciados há 20 anos

Foto DR
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O presidente da organização Heróis do Mar alertou que há cada vez mais portugueses carenciados na Venezuela, um país onde as pessoas têm vergonha que se saiba que são pobres.

"Cada dia mais se justifica a solidariedade, porque cada dia há mais carenciados, inclusive na nossa comunidade, que muita gente desconhece, porque existe muita vergonha escondida (...) nós ajudamos as famílias todos os meses, mas cada dia há mais pessoas a bater-nos à porta", disse à agência Lusa Simão Rocha, em Tanaguarenas, no estado de La Guaira, 45 quilómetros a norte de Caracas.

Heróis do Mar é um grupo composto por duas centenas de portugueses que desde há 20 anos realiza almoços para reunir fundos para ajudar a comunidade portuguesa carenciada.

Simão Rocha explicou que cada membro do grupo pode apresentar algum caso de carenciados que conheça e todos ajudam, acrescentando que "é lamentável porque cada dia há mais necessidade" na comunidade portuguesa.

"Começámos há 20 anos, numa carpintaria em Mariche (leste de Caracas). Inicialmente não tínhamos a pretensão de ser um grupo de beneficência, mas a circunstância do país obrigou-nos a estarmos atentos às pessoas da nossa comunidade que necessitam de nós", disse.

Explicou ainda que começaram por cozinhar à sexta-feira à tarde e que o lema inicial era "à volta de uma mesa, à boa maneira portuguesa, cultivar a amizade".

"É importante o lema de à volta de uma mesa, à boa maneira portuguesa, porque sem a mesa não existe ajuda e porque mantemos a comunidade unida e solidária com os carenciados", frisou.

Apesar de o grupo ser composto por 200 pessoas, participam em média, em cada almoço, entre 70 e 80 membros, não havendo nenhuma obrigação de participar.

"Quem puder participa. É um grupo muito generoso. Somos uma equipa de trabalho. Todos trabalhamos pela mesma causa. Estou orgulhosíssimo dos Heróis do Mar", disse.

Simão Rocha explicou ainda que ao longo dos 20 anos dos Heróis do Mar aprendeu "a conviver com as diferenças dos outros de uma maneira impressionante", a conviver, a respeitar, porque há "várias gerações pessoas de 22 a 92 anos no grupo".

Os almoços realizam-se uma vez ao mês e há ainda os convívios familiares e o grupo está aberto a novos colaboradores.

Na Venezuela reside uma importante comunidade portuguesa, que ronda as 600.000 pessoas.

No entanto, a própria comunidade estima ser mais de 1,5 milhões, incluindo os lusodescendentes sem nacionalidade portuguesa.

A crise política, económica e social, obrigou mais de 7,7 milhões de pessoas a abandonarem a Venezuela nos últimos anos à procura de melhores condições de vida, a maioria para países da região.