Prendas políticas no sapatinho
Gentilmente ofertados pelos políticos - graciosamente disfarçados de Pais Natais - da Assembleia Regional da Madeira, os madeirenses tiveram nos seus sapatinhos dois preciosos presentes de Natal. O chumbo do Orçamento Regional para 2025 e uma Moção de Censura ao Governo que originou a queda do executivo de Miguel Albuquerque.
Vindo de quem vem, ou seja, de um parlamento que, o povo acha e diz que pouco ou nada lhes oferece ao longo do ano, esta gentileza natalícia merece toda a nossa admiração e agradecimento.
Duas prendas absolutamente necessárias e de uma utilidade para o nosso futuro a todos os títulos louvável.
A primeira – chumbo do orçamento - ensinar-nos-á a ser mais poupados, a gastar o nosso dinheiro só mesmo no que é necessário - até porque não vamos tê -lo em abundância – acabando com o hábito de andarmos a distribuir dinheiro a torto e a direito, sem pensar e sem fazer contas à vida.
A segunda prenda – A moção de censurqa ao Governo e respetiva queda do Executivo - é extraordinariamente maravilhosa e a que deve encher de profunda alegria o coração da esmagadora maioria do povo madeirense.
É porque ela faz cair o Governo e, praticamente, leva na queda a oposição.
Não é uma prenda, é uma verdadeira benção de Deus.
Só mesmo uma fatalidade, uma inesperada tragédia, algo muito triste que surja inesperadamente pode retirar a alegria natalícia que este povo deve estar a sentir com a bendita prenda caída milagrosamente no seu sapatinho.
No palácio cai o Governo, na Assembleia tomba a oposição.
Estamos já a imaginar o teor das conversas felizes entre as famílias antes, durante, e após os almoços e jantares de Natal, ou mesmo nos simples convívios de amigos nesta quadra festiva.
Nem sempre acontece. Aliás, é coisa rara, no Natal termos já praticamente a certeza de no Ano Novo possuirmos um governo novo e uma Oposição nova.
Evidentemente que, só um governo novo não completa a nossa felicidade.
A Madeira e os madeirenses precisam de uma mudança radical, não só no governo como na oposição, caso contrário, nada muda, é mexer nas moscas, deixando o resto como está.
Os madeirenses estão esperançados que os candidatos ao novo governo sejam pessoas diferentes daquelas que nos vêm habituando. Não só no partido que tem sido sempre governo, como nos partidos que têm sido sempre oposição.
Os eleitores querem apostar em pessoas que mereçam a sua confiança, a sua credibilidade para não terem que optar –como tem sido apanágio há muitos e muitos anos- pelo menos mau.
A Madeira precisa de respirar ar puro no que diz respeito à sua governação, mas não pode procurar alternativas em ambientes conspurcados de ambições desmedidas, oportunismos e daqueles que só pensam no poder a qualquer preço.
Os madeirenses podem não querer na Quinta Vigia alguém com supostos problemas com a Justiça, mas não querem também “paus-mandados” de Lisboa ou um qualquer robot teleguiado de um escritório situado algures do centro da cidade.
Caso não surjam caras novas nas candidaturas a Presidência do Governo Regional, muito provavelmente nada mudará na governação da Madeira.
Falar em arguidos e mais arguidos em todas as vezes que se abre a boca –sobretudo em processos nas mãos da Justiça que não se sabe o que vai dar - não é suficiente –como já se viu - para convencer o eleitorado a querer mudar a Madeira.
Talvez com mais bom senso, com outra postura, maior dignidade nas palavras, nos atos e nas ações se consiga passar cá para fora a imagem de credibilidade que tem faltado e com ela tirar a dúvida de que uma mudança não leve a Região para piores mãos das que está.
Vamos aguardar com serenidade o que nos diz o futuro e, entretanto, pedimos a Deus que nos dê - e a todas as famílias madeirenses - um Natal Feliz, com saúde, amizade, amor, paz e harmonia.
Juvenal Pereira