Feliz Natal para todos nós
Uma das cadeias de Supermercado apresenta no seu anúncio de Natal um idoso que se desloca à loja com o seu cachorro também de idade, compram comida já confecionada, voltam a casa e partilham a comida. Este parece ser um procedimento regular, o que leva a funcionária do Supermercado a escrever na caixa da comida o seu endereço, acabando o idoso por passar o Natal com a família da funcionária.
Este anúncio leva-nos a pensar, nesta quadra festiva, no que alguns já chamam de epidemia do séc. XXI em Portugal que é o da solidão dos idosos num país em que centenas de milhares de pessoas de mais de 65 anos vivem sozinhas. O do anúncio não vive só porque tem o seu cão! Tal como ele, são muitos os idosos que têm por única e fiel companhia o seu animal de estimação. Aliás, até são muitas vezes aconselhados a terem um animal por companhia para que não se sintam tão sós, estabelecendo entre ambos uma autêntica relação de simbiose.
São inúmeros artigos científicos que têm mostrado ser a companhia dos animais de estimação muito importante para o bem-estar e qualidade de vida dos tutores em todas as idades e, em particular, nas idades mais avançadas. Estas parecem-me ser razões suficientes para que a Sociedade, cada vez mais, respeite e amplie a sua empatia para com as pessoas que têm animais de estimação, traduzindo-se esta no desenho de medidas de encontro à nova realidade e ao conhecimento atual quanto ao bem-estar e felicidade das pessoas e ao bem-estar animal, de modo a apoiarmos os tutores de animais de estimação a manterem os seus companheiros de quatro patas em todas as vicissitudes da vida. Por exemplo: Porque é que um idoso quando tem de ir para um lar o separam “à força” do seu amigo de quatro patas de sempre? Porque é que a uma pessoa que vive na rua lhe apontam como condição ter de se separar do seu animal de estimação para poder ser ajudada por uma instituição? Porque é que as companhias de aviação, como as que asseguram a continuidade territorial entre a Madeira e o Continente, continuam a tratar os animais de companhia como coisas remetendo-os para o porão quando, à semelhança do que já acontece com algumas companhias aéreas no Brasil, poderiam permitir a compra de lugares nos voos para os animais de companhia viajarem junto aos seus tutores?
Muito se tem andado na integração dos animais de estimação no quotidiano das famílias portuguesas; cada vez mais existem mais estabelecimentos que os aceitam e até existem restaurantes “pet friendly” (amigos dos animais) que até trazem logo uma taça com água para eles. Contudo ainda há muito que fazer em prole dos mais vulneráveis, por isso os meus votos para 2025 são no sentido de que quem tem poder de decidir se coloque mais na pele do outro que precisa de ajuda e tente compreender o seu direito a ser feliz e que implemente as mudanças em consonância… assim talvez o Natal passe a ser para todos nós!