JPP ouve bananicultores e volta a acusar a GESBA
Em comunicado de imprensa, o JPP deu conhecimento de um novo protesto dos produtores de banana visando a GESBA. “O foco da insatisfação é a não atualização em nove cêntimos ao quilo na banana cortada e entregue na chamada ‘época de Inverno’, tal como se verificou nos últimos anos, resultando numa quebra significativa nos já precários rendimentos dos bananicultores”.
A denúncia, explicam, chegou pela voz dos próprios agricultores, que se muniram de documentos comprovativos da banana entregue em novembro na GESBA – Empresa de Gestão do Setor da Banana, Lda., e do valor pago pela empresa pública.
Os agricultores não calam a revolta e dizem-se “cansados” de serem “constantemente escravizados e desvalorizados” pelo Governo Regional de Miguel Albuquerque e pela secretária regional da Agricultura, Pescas e Ambiente, Rafaela Fernandes, lê-se na nota enviada.
Este novo episódio de crispação entre o Governo e os bananicultores tem origem numa alteração introduzida, este ano, pela GESBA, a não atualização do preço de Inverno. A questão explica-se facilmente. Toda a banana, cortada e entregue durante a denominada “época de Inverno”, que vigora entre os meses de novembro a abril, tinha um acréscimo de 0,09€ Kg. Por exemplo, no caso da banana extra a GESBA deveria esta a pagar, neste momento, 0,64€ Kg mais os 0,09€ Kg acrescido do apoio comunitário. No entanto, as faturas da banana processada no passado mês de novembro provam o corte de 0,09€ feito pela GESBA. JPP
A decisão da empresa pública apanhou de surpresa os agricultores que fizeram entregas durante o passado mês de novembro. “É mais um golpe do Governo Regional nos baixos rendimentos dos produtores”, critica o parlamentar, que esta segunda-feira esteve em contacto com agricultores junto ao armazém da GESBA, em São Martinho. “Nada justifica esta medida, a não ser para cobrir e encobrir os resultados de uma gestão que se nos afigura danosa e incompetente.”
De igual modo, e para desmistificar a tese governamental da “boa gestão” da GESBA e exemplificar que o trabalho de investigação do JPP baseia-se em factos, Miguel Ganança socorre-se do próprio relatório de gestão da empresa pública: “A GESBA teve em 2023 um resultado bruto negativo de aproximadamente 550 mil euros”, precisa, para citar outro número do relatório: “Os gastos com pessoal, entre 2022 e 2023, aumentaram 27%, isto é, cerca de 1,5 milhões de euros.”
O deputado do JPP diz que “o investimento em pessoal para trabalhar é bem-vindo, a valorização das carreiras de quem trabalha é louvável”, mas o partido desconfia da utilidade da maioria das contratações feitas.
Tal como afirmou sábado o líder do JPP, Élvio Sousa, no final de uma reunião com militantes para avaliar as principais linhas do Orçamento da Região para 2025, também Miguel Ganança diz que “as empresas públicas, como a GESBA, não podem servir para albergar refugiados políticos do PSD”.