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Confrontos entre adeptos de futebol fazem dezenas de mortos na Guiné-Conacri

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Dezenas de pessoas morreram domingo durante confrontos entre adeptos de um jogo de futebol na cidade de N'Zérékoré, na Guiné-Conacri, indicaram fontes médicas.

Segundo uma das fontes citadas pela agência noticiosa AFP, que trabalha num hospital regional, há corpos alinhados nos corredores da unidade e a morgue está lotada.

Uma testemunha disse à AFP que os adeptos contestaram uma decisão do árbitro e invadiram o campo.

O Governo ainda não se pronunciou sobre o incidente.

De acordo com a imprensa, tratou-se de um jogo dedicado ao chefe da Junta Militar, Mamadi Doumbouya, que chegou ao poder após um golpe de Estado que liderou em setembro de 2021.

Estes torneios de futebol têm proliferado nas últimas semanas na Guiné e são vistos como eventos de apoio à possível candidatura do Doumbouya nas próximas eleições presidenciais.

A junta comprometeu-se, inicialmente, sob pressão internacional, a ceder o lugar aos civis eleitos antes do final de 2024. Desde então, fez saber que iria quebrar a sua promessa.

Vários representantes de Doumbouya afirmaram recentemente que eram a favor da sua candidatura nas próximas eleições presidenciais, mas a ""carta de transição" estabelecida pela junta logo após o golpe exige que nenhum membro da mesma possa concorrer, "nem nas eleições nacionais nem nas eleições locais".

As autoridades indicaram no final de setembro que todas as votações conducentes ao regresso da ordem constitucional seriam realizadas em 2025.

Apresentaram um anteprojeto de Constituição no final de julho com o objetivo de ser votado por referendo antes do final do ano, mas ainda não está prevista uma data para apresentar à população este texto rejeitado pelos principais partidos da oposição e organizações da sociedade civil.

A junta procura silenciar todas as formas de dissidência, proibindo manifestações e meios de comunicação críticos. Muitos líderes da oposição foram presos, indiciados perante juízes ou levados para o exílio.

No início de julho, desapareceram dois líderes de um movimento de cidadãos dissolvido que exigia o regresso dos civis ao poder.

Entretanto, o governo mantém-se em silêncio sobre a tragédia.

De acordo com testemunhas, apoiantes furiosos vandalizaram e incendiaram a esquadra da polícia de N'Zérékoré.

Nos vídeos difundidos nas redes sociais e cuja autenticidade a AFP não conseguiu verificar, vê-se numerosos corpos inertes. Outros vídeos que circulam nas redes mostram cenas de grande confusão nas ruas após o eclodir dos confrontos.