As “razões humanitárias” de Putin
O ditador Bashar al-Assad (BA) ao fugir da Síria por ter perdido o poder fruto da ofensiva dos rebeldes islamitas chefiados por Abu al-Julani, obteve asilo na Rússia concedido pelo autocrata Vladimir Putin (VP) alegadamente “por razões humanitárias”.
VP apoiou militarmente através de bombardeamentos intensivos e sistemáticos os massacres levados a cabo por BA que provocaram centenas de milhares de mortos, nos últimos 14 anos de guerra civil na Síria, vários milhares deles executados sumariamente nas masmorras de tortura de BA e enterrados em valas comuns sem conhecimento das famílias, num desrespeito total pelos direitos humanos e pelas Convenções de Genebra.
VP ordenou a invasão da Ucrânia numa clara violação da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional e persiste numa guerra de agressão sem qualquer suporte legal contra os ucranianos, que tem provocado dezenas de milhares de mortos e a destruição de infraestruturas civis ucranianas, onde as razões humanitárias são sistematicamente desrespeitadas ao ponto de as agressões e sevícias contra a população ucraniana terem levado o TPI a declarar VP como criminoso de guerra.
É de uma total incongruência e de um absoluto cinismo que alguém acusado de crimes de guerra como VP venha alegar “razões humanitárias” para dar asilo ao ditador BA que em breve será também acusado pelo TPI por crimes de guerra e contra a humanidade, pelos massacres praticados no decorrer da guerra civil na Síria, nomeadamente contra o seu próprio povo, onde contou com o apoio de VP.
Ainda que indiciado como criminoso de guerra pelo TPI VP contou com a colaboração do Sec. Geral das N.U. António Guterres (AG), que não teve qualquer pejo em fazer o favor de lhe branquear a imagem, ao aceitar o convite para participar na cimeira dos BRICS, favor esse selado com um aperto de mão entre AG e VP, sem que daí tenha resultado algo de positivo para a paz na Ucrânia e a devolução do território ucraniano usurpado pela Rússia.
Para indivíduos como VP e BA indiciados/suspeitos por crimes de guerra e contra a humanidade, alegar “razões humanitárias” para justificar o que quer que seja é incoerente, absurdo e de um absoluto cinismo perante as suas inúmeras vítimas mortais e respetivas famílias.
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