Putin pronto para se encontrar com Trump "em qualquer altura"
O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou hoje estar pronto para se encontrar "a qualquer momento" com o próximo presidente norte-americano, Donald Trump, que recentemente apelou a um cessar-fogo e a negociações entre Rússia e Ucrânia.
"Não sei quando é que o vou ver. Ele [Donald Trump] não está a dizer nada sobre isso. Não falo com ele há mais de quatro anos. Estou pronto para o fazer, claro. Em qualquer altura", disse Putin.
"E também estarei pronto para me encontrar com ele [Donald Trump], se ele quiser", acrescentou, durante a sua sessão anual de perguntas e respostas na televisão, citado pela agência francesa AFP.
A sessão de perguntas e respostas, transmitida em direto pela televisão, tem sido realizada em vários formatos quase todos os anos desde que Putin chegou ao poder, há um quarto de século.
Desta vez, ocorreu um mês antes do regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, quando tomar posse em 20 de janeiro de 2025, depois de ter vencido as eleições em novembro.
O líder republicano tem prometido repetidamente conseguir a paz na Ucrânia "em 24 horas" e já apelou a um "cessar-fogo imediato".
Trump disse na segunda-feira que queria falar com Putin e com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para pôr "fim à carnificina" da guerra na Ucrânia.
Avisou também que a Ucrânia deverá esperar menos ajuda de Washington e opôs-se à utilização por Kiev de mísseis ocidentais para atacar a Rússia.
A indefinição em torno do plano de Trump está a causar preocupação na Ucrânia, que não quer ser forçada a aceitar condições desfavoráveis num eventual acordo de paz com a Rússia.
Putin considerou que a Rússia se tornou "muito mais forte nos últimos dois ou três anos", depois de ter invadido a Ucrânia em fevereiro de 2022.
"Se alguma vez nos encontrarmos com o Presidente eleito Trump, tenho a certeza que teremos muito que falar", acrescentou durante a conferência de imprensa anual.
Putin tem afirmado repetidamente que está pronto para as conversações com a Ucrânia, desde que se baseiem nas "realidades no terreno", onde as forças russas têm estado em vantagem desde o início do ano.
A Rússia exige que a Ucrânia ceda quatro regiões que ocupa parcialmente, Donetsk e Lugansk (leste), e Zaporijia e Kherson (sul), para além da Crimeia anexada em 2014.
Exige também que Kiev desista da ambição de aderir à NATO, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança de defesa ocidental.
Zelensky há muito que se opõe categoricamente a quaisquer concessões, mas suavizou a posição nos últimos meses, face às dificuldades do exército ucraniano na linha da frente e ao receio de um enfraquecimento da ajuda ocidental.
A partir de Bruxelas, Zelensky apelou hoje aos europeus que não abandonassem a Ucrânia e mostrassem unidade, incluindo com os Estados Unidos, apenas algumas semanas antes da posse de Trump.
Ucranianos e europeus temem que Trump possa forçar Kiev a fazer grandes concessões e dar uma vitória geopolítica a Moscovo, segundo a AFP.