China acusa EUA de promover teoria da "ameaça chinesa" como desculpa para hegemonia
A China criticou hoje o relatório anual do Departamento de Defesa dos Estados Unidos sobre as capacidades militares do país asiático, considerando-o "tendencioso e desfasado dos factos", e acusou Washington de querer "justificar a hegemonia militar norte-americana".
O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, disse em conferência de imprensa que o documento visa "promover a teoria da ameaça da China".
Lin afirmou que o relatório segue os padrões de publicações anteriores, "ignorando factos e perpetuando preconceitos".
O documento "serve apenas como uma desculpa para os EUA manterem a sua hegemonia militar", apontou.
O porta-voz sublinhou que a China "está firmemente empenhada em ser uma força de paz, estabilidade e progresso no mundo", mas também reafirmou a determinação do país em "defender a sua soberania, segurança e integridade territorial".
Lin instou os EUA a "abandonarem a mentalidade da Guerra Fria e a lógica hegemónica" e a adotarem uma perspetiva mais "objetiva e racional" das intenções estratégicas e do desenvolvimento da Defesa da China.
O porta-voz apelou igualmente ao fim da publicação anual destes relatórios, que descreveu como "irresponsáveis".
"Washington deve tomar medidas concretas para estabilizar as relações bilaterais e as interações entre as forças armadas dos dois países", defendeu o porta-voz, afirmando que o diálogo baseado no respeito mútuo é essencial para evitar tensões.
O Pentágono alertou na quarta-feira que a China aumentou o seu arsenal nuclear em 20% desde meados de 2023, tendo agora mais de 600 ogivas nucleares. O relatório prevê que ultrapasse as 1.000 até 2030.
O documento referiu ainda a demissão de pelo menos 15 altos responsáveis militares chineses no segundo semestre de 2023 por acusações de corrupção. Vários dos funcionários trabalhavam na modernização de mísseis nucleares e convencionais.
O caso mais mediático para o Pentágono foi o do antigo ministro da Defesa Li Shangfu, que foi demitido em outubro do ano passado, após deixar de aparecer em público durante várias semanas.
Segundo os Estados Unidos, estes desafios podem atrasar os objetivos militares da China para 2027, ano do centenário do Exército de Libertação Popular (ELP).