Ucrânia: Von der Leyen propõe negociações sobre adesão no início de 2025
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, defendeu hoje que apoiar a Ucrânia é "um imperativo estratégico" e que a União Europeia deve iniciar negociações sobre a adesão no início do próximo ano.
"Devemos estar prontos para abrir as negociações sobre o grupo dos fundamentos [princípios] no início de 2025, e outros grupos durante o ano. Os ucranianos estão a lutar pelo seu futuro na nossa União e têm de saber que os seus esforços estão a dar frutos", declarou a líder do executivo comunitário, num debate no Parlamento Europeu em Estrasburgo sobre a reunião do Conselho Europeu, esta quinta e sexta-feira, a primeira presidida pelo ex-primeiro-ministro português António Costa.
Von der Leyen referiu que Kiev tem feito "enormes progressos" no caminho para a adesão à UE, cujas negociações começaram em junho, e assegurou que "a bandeira da Ucrânia será hasteada no coração da União".
Von der Leyen sublinhou que "apoiar a Ucrânia neste momento não é apenas um imperativo moral, é também um imperativo estratégico".
"O mundo está a observar. Os nossos amigos, e mais ainda os nossos inimigos, observarão atentamente a forma como mantemos o nosso apoio à Ucrânia. E este apoio tem de ser firme", sustentou.
"Após três anos de guerra total, a Rússia não conseguiu quebrar a resistência da Ucrânia. Mas agora [o Presidente russo, Vladimir] Putin está a tentar mais do que nunca. Com novas armas, novas tropas da Coreia do Norte e uma nova vaga de ataques a infraestruturas energéticas. A sua estratégia é clara. Está a tentar obter ganhos no terreno e aterrorizar o povo da Ucrânia", considerou.
A presidente da Comissão Europeia apontou o sistema energético da Ucrânia, quando o inverno está prestes a começar, como "o desafio mais imediato".
A União Europeia "já fez muito nesta frente", mas é preciso "fazer mais".
"Existe ainda um défice substancial de capacidade. Amanhã [quinta-feira], no Conselho Europeu, pedirei aos líderes que façam mais em matéria de reparações, que melhorem ainda mais a rede de ligação e que façam mais pela produção descentralizada de eletricidade. Nestes dias mais negros do ano, temos de manter as luzes acesas e a esperança viva", sustentou.
Por outro lado, defendeu que é preciso "manter a estabilidade económica e financeira básica da Ucrânia", país que tem um défice de financiamento estimado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em mais de 40 mil milhões de euros para 2025.
A UE vai contribuir no próximo ano com 13 mil milhões de euros, através do Mecanismo Ucrânia, e transferir 18 mil milhões de euros ao longo do ano, no âmbito do empréstimo do G7, financiado com as receitas dos ativos russos imobilizados.
"Isto dará à Ucrânia estabilidade económica e financeira até ao final de 2025 e libertará espaço fiscal para a aquisição de equipamento militar. Por outras palavras, a estratégia de Putin para empurrar Kiev para o abismo financeiro falhou completamente", sublinhou.
Ursula von der Leyen recordou que "a dimensão económica desta guerra é tão importante como a vertente militar".
"A Rússia destina mais de um terço do orçamento para despesas militares. É uma economia de guerra. Por isso, é essencial minar o potencial de receitas de Putin. As nossas sanções estão a afetar a economia russa. O rublo está a atingir os seus níveis mais baixos desde o início da guerra", salientou.
Numa altura em que se admite que as negociações para a paz na Ucrânia decorram já no inverno, Von der Leyen defendeu que é preciso "manter o rumo".
"Aconteça o que acontecer a seguir, temos de ter em mente os princípios fundamentais: a Ucrânia deve continuar a ser um Estado independente, com o direito de escolher o seu próprio destino; cabe à Ucrânia decidir o seu próprio território, e quando falamos da segurança da Ucrânia, estamos a falar da segurança da Europa", destacou perante os eurodeputados.