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Madeira

Quando o "passivo fiscal" dos clubes gerou "angústia" e colocou Natal em risco

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Há precisamente 27 anos, com a época ainda a meio, os três principais clubes de futebol da Madeira viam-se a braços com um 'braço de ferro' com o Governo Regional, então liderado por Alberto João Jardim por causa das dívidas fiscais, mais precisamente ao Fisco e à Segurança Social, dinheiro que então era contabilizado em escudos, na altura 3,3 milhões de contos. Na moeda actual são quase 16,5 milhões de euros.

Uma fortuna que o GR recusava pagar e que teria uma explicação, que demos conta na edição de 18 de Dezembro de 1997. Curiosamente, nessa época 1997/98, Marítimo que militava na I Divisão, terminaria em 5.º lugar, conseguindo mais um apuramento para as competições europeias, enquanto Nacional e União terminariam, respetivamente na 18.ª posição e 13.ª posição da II Divisão.

Sendo certo que o Nacional, que hoje é o único clube madeirense na I Liga, desceria nessa época para a III Divisão, hoje o União como o conhecemos desapareceu, e o Marítimo como todos saberão está na II Liga, neste momento ambos os a lutar para se manterem, no mínimo, nas competições (o Nacional é 13.º na primeira competição e o Marítimo é 10.º na divisão abaixo). O Nacional só regressaria à II Divisão em 2000/2001 (e à I Divisão em 2001/2002) e o União desceria na época 1998/99 à III Divisão (regressando à II Divisão em 2002/03 

Mas, afinal, o que dizia o artigo? "Ainda não está resolvida a forma de pagamento do passivo de Marítimo, Nacional e União. Isto porque os bancos ainda não aceitaram os termos do acordo proposto pelo Governo Regional. Entretanto, o DIÁRIO sabe que as dívidas ao Fisco e à Segurança Social serão pagas pela Liga, pelo que o governo de Jardim vai poupar 1,4 milhões de contos", explicávamos na abertura da manchete dessa quinta-feira.

Carlos Pereira, Rui Alves e Jaime Ramos, dos quais apenas o do meio continua no cargo, "continuam a viver a angústia de manter em actividade os seus clubes sem receitas ou garantias de financiamento que assegurem a sobrevivência destes ao nível da I e II Divisões de Honra. E agora os dirigentes serão surpreendidos pelo facto do Governo Regional não se responsabilizar pelo pagamento dos 1,4 milhões de contos devidos ao Fisco e à Segurança Social", acrescentávamos. "Contrariamente ao que foi noticiado publicamente, o Governo Regional não vai assumir os 3,3 milhões de contos que Marítimo, Nacional e União devem".

"Tudo porque a Liga já acertou com o Governo de António Guterres a assunção das dívidas dos clubes, responsabilizando-se pelo pagamento ao Estado", assegurava o artigo, "a partir da dedução das receitas (Totobola) a atribuir aos clubes", o denominado então "totonegócio" que gerava muito dinheiro das apostas dos portugueses, num tempo em que não havia Euromilhões, Eurodreams, casinos online e ainda poucos casinos físicos, embora houvesse e ainda há o Totoloto, jogos de fortuna e azar que levavam os portugueses a apostar fortunas. 

"Nestas circunstâncias, o DIÁRIO sabe que os 1,4 milhões devidos pelo Marítimo (700 mil), Nacional (300 mil) e União (400 mil) ao Fisco e Segurança Social não serão pagos pelo GR, através da linha de crédito que está a ser negociada com BANIF, Totta e BCP", bancos que hoje apenas o último resta como era há quase 3 décadas. "Com o acordo com os bancos ainda por concretizar, o DIÁRIO sabe que Paulo Fontes (então secretário regional está a envidar todos os esforços no sentido destas três instituições bancárias disponibilizarem os dois milhões de contos necessários ao pagamento dos 'calotes' dos clubes - um milhão para o Marítimo, 450 mil para o Nacional e 457 mil para o União -, deixando de fora as dívidas ao Estado".

Numa altura em que estamos em vésperas de mais um Natal, "a situação financeira" três dos clubes era "dramática", com a consequência a pesar sobre os elos mais fracos, pois "futebolistas e empregados vão passar o Natal sem subsídios ou ordenados em dia".

Pode ler este e outros artigos desta edição bastante completa e a relembrar caras do passado e do presente da vida madeirense descarregando este pdf.