Sérgio Sousa Pinto acusa socialistas da Madeira de se "subordinarem ao Chega"
O deputado socialista Sérgio Sousa Pinto não poupa críticas ao PS-Madeira e à estratégia da liderança de Paulo Câfofo, acusando-os de se "subordinarem ao Chega" ao aprovarem a moção de censura ao Governo Regional.
No seu espaço de comentário partilhado com Helena Matos na CNN Portugal, ontem à noite, o socialista lembra que já antes criticara a decisão, mas desta feita foi ainda mais longe: "É um embaraço para o PS nacional, porque há evidentemente um efeito nacional que é, inquestionavelmente, a de o Partido Socialista, ou pelo menos uma parte significativa dele, o PS regional, uma importante estrutura do PS, associar-se ao Chega, numa convergência de votos que resulta de uma iniciativa do Chega. Portanto, o PS aparece numa posição subordinada e não a conduzir o processo político."
Para o experiente deputado à Assembleia da República, eleito em sete legislaturas pelos círculos eleitorais do Porto, Aveiro e Lisboa, a decisão que "derruba um governo eleito democraticamente, um governo confiado a um partido do nosso regime democrático, o PSD, e isto ao lado do Chega. Percebo que o PS sinta uma enorme dificuldade em segurar um governo que tem, não só o líder (Miguel Albuquerque), mas também cinco secretários regionais na condição de arguidos". Mas, "um político responsável tem que equacionar, forçosamente, as consequências das suas decisões", alerta.
"E quais são as consequências?", questiona. "Primeiro é o efeito nacional, porque gera-se aqui uma confusão negativa", uma "coreografia horrível de aparecer a reboque do Chega", que considera "embaraçosa para o Partido Socialista", pois o que fica é "um governo eleito democraticamente cair com os votos conjugados do PS e do Chega". E acrescentou: "Repare-se que se o PS considerasse que não existia uma alternativa a derrubar o governo e que não podia votar a moção de censura, apesar do teor algumas 'amabilidades' dirigidas ao PS bastante ofensivas e desagradáveis, o PS poderia ter apresentado uma moção própria e, depois, cada um votava como queria."
Questionado se o custo seria maior se optasse por deixar o governo em funções, Sérgio Sousa Pinto optou por não fazer qualquer juízo, "por não estar na melhor posição", garantindo que "respeita o juízo dos camaradas da Madeira", mas acredita que "é preciso medir as consequências no plano regional". E quais são? "A terceira eleição num ano, os resultados que não vão libertar a situação política regional do bloqueio em que se encontra, vai degradar as condições de governabilidade na Região Autónoma da Madeira, portanto não serve nenhum propósito útil e ainda corre o risco de reforçar o Chega. Portanto, é uma preocupação que o PS tinha que ter", conclui.