Um ano para não repetir
Isso pressupõe fazer diferente nas eleições. A Madeira precisa de estabilidade política
2024 fica para trás como “annus horribilis” das nossas insubstituíveis autonomia e democracia. Várias vezes a votos não tivemos a frieza para dar condições a um qualquer governo que nos conduzisse por quatro anos, com estabilidade duradoura. Ficámos nas encolhas, no tradicional hábito madeirense do “basta que sim”.
E não é bom para o nosso interesse colectivo. Presente e futuro. Proximamente teremos nova oportunidade. Não façamos igual.
Miguel Albuquerque lidera, a nossa política, sem rival. Ninguém tem mais votos que ele. O PSD/M continua vencedor na preferência partidária do eleitorado, só não traduzido em maioria absoluta de votos por interferência - leia-se alteração da lei eleitoral para benefício da frágil oposição - do anterior caudilho regional.
O espectáculo tem sido deprimente. Todos se atropelam numa procura por “liquidar” Miguel Albuquerque, o que se revela inconsequente por resiliência insuperável do, até agora, presidente do governo.
Mas falta-lhes votos que legitimem os apetites devoradores por poder. Não basta ir a eleições. Para liderar é necessário ter apoio popular traduzido num resultado eleitoral que supere os adversários.
E não têm. Nem está previsto terem.
Se para o PSD a nova lei eleitoral dificultou o alcance de um resultado que proporcione estabilidade, para os partidos da oposição não lhes trouxe esperança num resultado com tanto de milagroso como de surrealista. A natural dispersão de votos é agravada com a divisão interna partidária com tendências inconciliáveis. Assim, a se se manterem, as suas expectativas eleitorais são completamente defraudadas não passando das históricas vitórias morais.
O PAN, qual sapinho que queria ser boi, o BE e a IL esgrimem importâncias que ninguém ainda lhes deu. Saúde-se a coerência da IL. Entre o JPP e o PS será o desempate entre o partido nacionalista com sede na Madeira - ideal que eu também queria para o PSD - e o bastardo do Largo do Rato em Lisboa.
Quanto ao CDS, todo o mundo sabe qual o seu preço: mordomia individual e pessoal. Quando Albuquerque diz estar indeciso na coligação não pretende mais que dizer que não sabe o que faz com JM Rodrigues. A fraqueza de fazer política para o mês seguinte. Não há perspectiva de médio ou longo prazo. Quem se junta a estes é porque não tem nada, nem acredita em si próprio.
Fica o CHEGA, o partido daquela “acendalha ardente” que a partir de Lisboa, manda naquilo tudo e até pretende transferir, dentro do PSD, o poder regional do Funchal para Lisboa. Colonialismo à velha senhora. O que andou Ventura fazendo dentro do PSD?
Parece não ter percebido que existe autonomia constitucional, autonomia no partido e estatutos internos próprios que não permitem a interferência central na vida partidária madeirense. Quando Lisboa nos obrigue a não ser assim, então consideraremos um caminho próprio alternativo que nos permita ser bem sucedidos. Coisa que André Ventura não consegue para o seu país.
Por fim o “rei” Paulo Cafofo, que acha que o povo não vota no PS e dispersa votos por sete partidos, para ele liderar uma grande coligação. Só pensar na “inteligência “ desta proposta arrepia o mais sereno dos distraídos. Não é que quem não consegue unir o seu próprio partido quer juntar toda a restante fauna política regional ? Não seria razoável procurar primeiro o consenso dentro do PS ? E acredita mesmo, que não sendo um projecto pessoal de poder, é possível juntar liberais com a esquerda, alguns deles comunistas e do tamanho de um “pintelho” político ?
Agora, com aquele cartaz, ainda por cima posto junto do aeroporto de Lisboa, Paulo Cafofo agrediu a Madeira, os madeirenses e qualquer ser decente que se ofenda com “nojentices” que humilham a sua gente. Se é para ofender a Madeira, fazê-la descer ao patamar da podridão humana, Paulo Cafofo não consegue. Na nossa História, residentes e embarcados, tudo já sofreram para sobreviver e não é qualquer socialista que enxovalha ou destrói o amor próprio.
Esta idiotice não tem perdão !
O PSD só não ganha com maioria absoluta se os seus militantes teimarem em resistir às evidências. Não percebo a insistência de Manuel António Correia em prejudicar o caminho eleitoral do seu próprio partido. Será sempre acusado pelo que de mau proporciona ao PSD. Nunca irá ser aglutinante e vitorioso. Já é lixo para o seu tutor Alberto João. Não tem carisma. Divide mais que ninguém. A seguir a Albuquerque, nunca poderá ser ele, terá de ser outra a solução.
Isto sem falar no velho ditador a quem dão tempo de antena para zurzir no governo. Sem contraditório como lhe é conveniente. Ninguém é mais castigador que Alberto João para o PSD. O seu ódio à “renovação”, que o derrotou e afastou da liderança do partido, faz lembrar os maridos traídos pela sua bela mulher. Nunca perdoam. Principalmente acontece quando passaram a vida a traí-la. E odeiam, para sempre, o predador marital.
Desde que saiu da liderança do PSD Jardim só propõe objectivos impossíveis. É a forma de tentar que as pessoas pensem que ninguém alcança o que ele propõe.
Agora veio com a tresloucada máxima de uma frente autonomista que, do PSD, excluísse os militantes afectos à “renovação” de Albuquerque. Porque, segundo ele, não são pró-autonomia. Ele deve achar-se o líder dessa frente quando não foi mais que o seu predador, com a dívida pública que nos impede de ter voz em Lisboa e na Europa.
O curioso é que Alberto João passou quarenta anos a afirmar ser o PSD-M o único movimento autonomista da Madeira. Agora, parece descobrir autonomistas por todo o lado, dispostos a fazer uma frente com um Jardim “liderante” ou delirante.
Segundo o seu último escrito a culpa é toda dos outros. Nenhuma dele. Fartaram-se da sua liderança despótica por mão do Passos Coelho e do Miguel Albuquerque. Jardim insiste em escrever a “sua” história como gostaria que ela tivesse acontecido. Não como ela se passou. Atrevo-me a pensar escrever um livro de erratas sobre tanta invenção.
Miguel Albuquerque é legítimo líder do PSD Madeira. Venceu eleições internas em Março. Como tal, serei seu apoiante nas batalhas políticas que enfrentar enquanto líder do partido. Não deixo de pensar pela minha cabeça e, sempre que houver disputa eleitoral interna, darei apoio à melhor solução para a Madeira.
Já concorri à liderança do PSD e não tenho idade para outras aventuras dessa dimensão. Assim, lutarei pelo que pensar, em cada momento eleitoral, ser a melhor liderança para o partido. Mas, feita a eleição, o novo líder conta comigo como militante combativo, leal e solidário. Mesmo que a opção dos militantes tenha sido distinta da minha, porque se foi um vencedor, se a maioria nele confiou, então eu estarei errado e não farei mais que me juntar a essa nova força política laranja. Sempre com orgulho e vontade de vencer.
Funchal e mobilidade
Na Câmara Municipal do Funchal decorreu debate para “pensar o futuro” sobre mobilidade. Curioso não terem querido ouvir a opinião do político que criou a Horários do Funchal em 1987. São uns sabem tudo.
Agora foi o ruído. Na semana do Natal. Com pré-aviso de um único dia útil. De sexta para 2a. Viva o debate livre e a transparência. O Diário lá sabe porque faz isso. Eu sei.