Montenegro acusa PS e Chega de desrespeitarem vontade popular na Madeira e no Continente
O primeiro-ministro acusou hoje PS e Chega de desrespeitarem a vontade popular expressa em eleições na Madeira, mas também na Assembleia da República, considerando que a sua "aliança estratégica" tem colocado em causa o equilíbrio de poderes.
Luís Montenegro falava no jantar de Natal do grupo parlamentar social-democrata, na Assembleia da República, onde se referiu à aprovação pela Assembleia Legislativa da Madeira de uma moção de censura apresentada pelo Chega ao Governo Regional minoritário do PSD, liderado por Miguel Albuquerque, que implica a queda do executivo, e que recebeu os votos a favor de toda a oposição (PS, JPP, Chega, IL e PAN).
"Hoje é o dia em que PS e Chega se juntaram para derrubar um Governo da AD, que foi eleito e reeleito nos últimos 12 meses e teve duas confirmações eleitorais da vontade popular", disse, defendendo que não aconteceu nada de novo desde as últimas regionais na Madeira.
Montenegro prometeu que nos próximos dias irá conversar com o líder do PSD-Madeira, Miguel Albuquerque, para fazer uma "leitura política" da situação na região, mas generalizou a crítica a estes dois partidos.
"O PS e o Chega não estão a atender ao interesse das pessoas, não estão a respeitar a vontade legitimamente sufragada nas eleições e com isso estão a contribuir, ao contrário daquilo que dizem, para enfraquecer a democracia", acusou.
Para Montenegro, também na Assembleia da República, "a grande novidade na legislatura" foi "a aliança absolutamente improvável entre PS e Chega".
O líder social-democrata recordou que os socialistas fizeram "campanhas implacáveis sobre a possibilidade de o PSD vir a ter qualquer tipo de convergência estratégica com o Chega".
"Hoje já ninguém se lembra, mas eu estive meses em que todos os dias que saía à rua me perguntavam o que é que ia acontecer com a relação com o Chega. Pois aqueles que fizeram isto, na primeira oportunidade, fazem uma aliança estratégica e conduzem interesses que julgam comuns e benéficos para ambos, muitas vezes invadindo a esfera do poder executivo, invadindo o normal funcionamento do nosso sistema político na sua conceção de equilíbrio de poderes", alertou.
"O país é muito mais importante e nós não nos temos dedicado muito à denúncia desta circunstância. Mas ela existe, de facto. Ela existe, de facto", acentuou.
Por outro lado, criticou igualmente o Chega por, depois de em campanha ter dito que era preciso "erradicar o socialismo em Portugal", ser "parceiro de votação" do PS em matérias essenciais como a fiscalidade, economia ou mobilidade.
Montenegro admitiu que não conhecia "as vicissitudes de governar com maioria relativa", e agradeceu aos deputados do PSD a sua coesão perante "circunstâncias complexas".
Antes, também o líder parlamentar e secretário-geral do PSD, Hugo Soares, centrou o seu curto discurso nas críticas ao PS e ao Chega.
"Era expectável que a esquerda - a mais radical e a menos radical um bocadinho que é hoje o PS - se juntassem para criar obstáculos e fazer oposição ao governo. Era expectável que a direita radical bloqueasse a governação", admitiu.
Para Hugo Soares, "o que ninguém estava à espera, nem os deputados, nem nenhum português, era que a principal força de bloqueio no parlamento se constituísse entre o PS e a direita radical do Chega".
O líder parlamentar do PSD desejou a todos os deputados que recuperem energias para o próximo ano, em que avisou que terão "um Orçamento do Estado de 2025 para defender a cada momento".
"A nossa principal missão para 2025 é continuar a suportar um Governo que saiu da legitimidade do povo e deste parlamento", afirmou.