Costa estreia-se a presidir a cimeiras europeias em reunião entre líderes da UE e Balcãs
O novo presidente do Conselho Europeu, António Costa, estreia-se na quarta-feira a presidir a cimeiras europeias, numa reunião de alto nível entre líderes da União Europeia (UE) e dos Balcãs Ocidentais, visando dar "novo impulso" à integração.
No cargo há cerca de duas semanas, António Costa irá na quarta-feira presidir à cimeira UE-Balcãs Ocidentais, considerando que "o atual contexto geopolítico exige que seja dado um novo impulso ao trabalho da União com os países da região", segundo a carta-convite por si enviada aos chefes de Governo e de Estado europeus.
Na antevisão deste encontro de alto nível, que decorre no edifício do Conselho Europeu em Bruxelas, fontes europeias apontaram que "não é por acaso" que António Costa decidiu iniciar o seu mandato com esta cimeira UE-Balcãs Ocidentais, uma vez que o antigo primeiro-ministro português tem estado, nas suas novas funções europeias, "muito concentrado" na região.
Apesar de o tema do alargamento não fazer parte desta cimeira, as mesmas fontes comunitárias admitem que o processo seja abordado, por estar ligado à parceria de ambos os blocos, nomeadamente quando se teme um alastramento das tensões causadas pela invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, o que se entende que deve ser contido através da adesão à UE.
"O objetivo da cimeira é, naturalmente, continuar a enviar uma mensagem política forte de que esta parceria estratégica entre a UE e os Balcãs Ocidentais é mais importante do que nunca, que está a avançar e que está a avançar em termos concretos e com ações concretas", referiu uma das fontes europeias.
Numa altura em que vários países da região se encontram à espera há vários anos para entrar no bloco comunitário, a reunião está então marcada para um dia antes do também primeiro Conselho Europeu presidido por António Costa.
Os principais temas em debate são o reforço da integração UE-Balcãs Ocidentais através do plano de crescimento, o aprofundamento do compromisso político e estratégico em vários domínios, incluindo a política externa e de segurança, a construção de uma base económica para o futuro e atenuar o impacto da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa e a cooperação na gestão das migrações e na luta contra a corrupção e a criminalidade organizada.
O encontro arranca pelas 17:15 (hora local, menos uma em Lisboa), com uma receção oficial de António Costa e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que também marcará presença.
Previsto está que a sessão da tarde seja dedicada a discutir a execução do plano de crescimento (para investimentos de seis mil milhões de euros até 2027) e os esforços de integração regional, bem como as possibilidades de fazer avançar a integração gradual entre a UE e a região, enquanto o jantar de trabalho se centrará nos desafios geopolíticos comuns.
Quando era primeiro-ministro, António Costa defendia precisamente avanços no processo de adesão dos Balcãs com base no mérito.
Em 2013, a Croácia tornou-se o primeiro dos países dos Balcãs Ocidentais a aderir à UE, enquanto a Albânia, a Bósnia-Herzegovina, o Montenegro, a Macedónia do Norte e a Sérvia têm oficialmente o estatuto de países candidatos.
Entretanto, foram iniciadas negociações e abertos capítulos de adesão com o Montenegro e a Sérvia, além de que as negociações com a Albânia e a Macedónia do Norte foram iniciadas em julho de 2022 e o Kosovo apresentou a sua candidatura à adesão em dezembro de 2022.
Desde 2018 que se realizam cimeiras regulares entre a UE e os Balcãs Ocidentais, sendo que a última decorreu em Bruxelas em dezembro de 2023.
No passado dia 01 de dezembro, António Costa começou o seu mandato de dois anos e meio à frente do Conselho Europeu, sendo o primeiro socialista e português neste cargo.