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Opositores na Venezuela lembram que cabe a todos lutar pela democracia

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A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, defendeu hoje que os esforços dos opositores na Venezuela, vencedores do Prémio Sakharov 2024, recordam que todos têm o dever de "lutar pela democracia, que deve e vai prevalecer".

"María Corina Machado e o Presidente eleito Edmundo González Urrutia, a vossa coragem e a vossa dedicação à causa da democracia venezuelana são, em partes iguais, inspiradoras e galvanizadoras", declarou a líder do Parlamento Europeu em Estrasburgo, durante a cerimónia de entrega do Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2024, à líder da oposição na Venezuela e ao candidato presidencial, que reclama vitória nas eleições presidenciais de 28 de julho.

"Os vossos esforços recordam-nos que cabe a cada um de nós lutar pela democracia. Porque a liberdade deve e vai prevalecer, em todo o lado, sempre", continuou.

"Este prémio é para vós, em reconhecimento dos vossos esforços incansáveis para restaurar a liberdade e a democracia na Venezuela e assegurar uma transição de poder justa, livre e pacífica, arriscando tudo pelos valores que milhões de venezuelanos e este parlamento tanto prezam: a justiça, a democracia e o Estado de Direito", declarou Roberta Metsola.

María Corina Machado não participou na cerimónia no Parlamento Europeu, tendo sido representada pela filha, Ana Corina Sosa, uma vez que se encontra escondida na Venezuela há três meses. Já Edmundo González Urrutia está exilado em Espanha desde setembro, após ter fugido do seu país na sequência da emissão de mandados de captura contra si.

Os laureados foram aplaudidos de pé pelos eurodeputados, tal como os outros dois finalistas do Prémio Sakharov 2024: duas organizações de mulheres israelitas e palestinianas, Women Wage Peace e Women of the Sun, respetivamente, e o ativista anticorrupção do Azerbaijão Gubad Ibadoghlu.

Aos venezuelanos, alguns presentes nas galerias do hemiciclo com uma bandeira da Venezuela, a responsável garantiu: "Este parlamento está convosco, o povo venezuelano, na vossa luta pela democracia".

Metsola sublinhou o apoio a González Urrutia "como líder democrático da Venezuela", condenando a "emissão de um mandado de captura contra o Presidente eleito", como reconhecido pelo Parlamento Europeu.

No seu discurso, a presidente disse que o Parlamento Europeu condena o regime de Nicolás Maduro "pelas muitas tentativas brutais e cruéis de silenciar as vozes democráticas de milhões de venezuelanos".

"Condenamos a detenção ilegal de milhares de presos políticos em condições desumanas e apelamos à sua libertação", salientou.

Segundo os opositores, cerca de 2.000 pessoas foram detidas na Venezuela durante os protestos contra a reeleição de Maduro, confirmada pelo Conselho Nacional Eleitoral e posteriormente considerada válida pelo Supremo Tribunal venezuelano.

"O punho de ferro de Maduro não pode esmagar o espírito e as vozes do povo venezuelano que está a marchar nas ruas para exigir democracia e justiça. Esta é a verdadeira essência da liberdade de pensamento", destacou Metsola.

A presidente do Parlamento Europeu também transmitiu a sua solidariedade aos outros dois finalistas da edição deste ano do Prémio Sakharov.

As duas organizações, israelita e palestiniana, são dois "movimentos feministas, pacifistas e não partidários" que unem mulheres israelitas e palestinianas "para apelar à paz e espalhar a esperança", referiu.

Metsola apelou às autoridades do Azerbaijão para que retirem todas as acusações contra o ativista anticorrupção Gubad Ibadoghlu, detido "de forma arbitrária e injusta" há mais de um ano, levantem a proibição de viajar e lhe permitam receber "os cuidados [de saúde] de que necessita urgentemente".

O académico azeri não pôde participar na cerimónia, sendo representado pela filha, a advogada de direitos humanos Zhala Bayramova.

"Este Parlamento Europeu agradece-vos e solidariza-se convosco em prol de um mundo onde a liberdade e a igualdade não sejam apenas ideais, mas realidades para todos nós", afirmou a presidente.