DNOTICIAS.PT
Artigos

Estamos a tempo

Escrevo este texto no dia anterior à discussão da moção de censura ao governo regional. Já muito foi dito e escrito sobre a situação política na Madeira , mas pouco ou nada mudou. Na prática, consolidou-se a ideia da mesma geometria parlamentar anterior aos acontecimentos judiciais que geraram a crise política. Caso seja aprovada a moção de censura, a Região mergulhará novamente num processo de eleições antecipadas.

Os madeirenses irão às urnas para escolher um novo parlamento por três vezes em menos de um ano e meio. Umas novas eleições regionais poderiam ser uma forma de clarificação da situação política, com a possibilidade de sanar a falta de confiança e os danos reputacionais que têm afectado a Madeira. Seria uma maneira da Região encontrar um novo caminho e mudar de vida. Infelizmente, não é isso que se prevê: mantendo tudo como está, não haverá mudanças substanciais nas decisões dos eleitores e a alternativa que muitos madeirenses anseiam será uma impossibilidade prática. Pelo menos, a avaliar pelos mais recentes estudos ou pelos resultados das últimas (várias) eleições. A questão que os eleitores insatisfeitos (de todos os partidos, incluindo o PSD) têm vindo a colocar é onde podem depositar o seu voto de modo a obterem garantias de estabilidade futura, competência e capacidade de liderança para a construção de um modelo de sociedade que respeite a autonomia, promova o bem estar dos cidadãos, cuide dos desfavorecidos e seja capaz de catapultar as potencialidades da Madeira e dos madeirenses para uma dinâmica económica, que assegure as condições para que se viva melhor. Isto tudo e ainda uma folha limpa, um grupo de gente capaz, digna e, ao mesmo tempo, respeitada, e que se faz respeitar, transmitindo confiança aos eleitores. Gostava muito que o PS-M estivesse a construir essa solução, porque acredito que o meu partido tem todas as condições para resgatar a Região da complexa situação em que se encontra. A democracia precisa que o PS-M seja agente activo e decisivo nesta mudança que se impõe. Há na sociedade madeirense a disponibilidade para esse caminho de progresso, baseado em opções moderadas, respeitadora dos princípios da nossa autonomia e capaz de fazer o que ainda não foi feito. A escolha de políticas geradoras de um modelo de sociedade progressista é compatível com a vivência madeirense. Os madeirenses são intrinsecamente autonomistas, mas também defensoras de um estado social baseado numa economia forte. É isso que o PS-M sabe construir. Com socialistas e não socialistas. Eu diria com madeirenses que anseiam por uma nova era. Um novo ciclo. Uma nova vida da nossa ainda jovem democracia. O PS-M tem esse dever para com os madeirenses . É isso que os militantes anseiam e, sobretudo, os madeirenses pedem. Sob pena de não perdoarem a falta de comparência. É preciso sair do pedestal, descer à terra onde estão os cidadãos e humildemente construir o caminho. Ainda vamos a tempo.