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Madeira

Bispo desvaloriza excesso que desvirtua a tradição da Missa do Parto

Paróquia do Estreito realiza 12 celebrações em vez das tradicionais nove

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Há paróquias da Madeira que estão a desvirtuar a tradição religiosa das Missas do Parto, ultrapassando os nove dias desta devoção que antecede a chegada do Natal. A tradição profundamente enraizada na cultura madeirense ocorre durante os nove dias antes do Natal, de 16 a 24 de Dezembro, embora muitas paróquias tenham antecipado um dia – começam a 15 para terminar a 23 – a celebração, de modo a proporcionar descanso no dia 24 e não fazer coincidir neste dia as duas celebrações: a última missa madrugadora e a noite de Natal.

Daí que seja prática recorrente as Missas do Parto iniciarem a 15 ou 16, e terminar a 23 ou 24, cumprindo-se assim a novena – devoção que dura nove dias.

Acontece que este padrão tem vindo a ser adulterado nalgumas paróquias, como é o caso do Estreito de Câmara de Lobos, que este ano começou a realizar as Missas do Parto na última sexta-feira, dia 13, celebração prevista realizar-se diariamente, sempre às 06h00, até ao próximo dia 24. Ao todo serão 12 Missas do Parto. A autêntica novena alusiva ‘à Festa’ madeirense deixa assim, neste caso concreto, de ser preservada, por não ocorrer no seu período genuíno.

Realidade que é desvalorizada pelo Bispo do Funchal, para quem “a tradição é a tradição, simplesmente há paróquias que têm muitos sítios e cada sítio quer ter uma Missa do Parto, e portanto começam um bocadinho antes”.

Confrontado pelo DIÁRIO após a Missa do Parto desta manhã, que marcou, oficialmente, o arranque das novenas, D. Nuno Brás recusa que o alargar do período tradicional das Missas do Parto possa colocar em risco o carácter distintivo das Missas do Parto. “Em risco a essência da tradição, não põe”, garante. Mas reconhece que “as Missas do Parto são nove, é a novena, mas temos de compreender também as realidades das paróquias e das comunidades”, alega, para justificar os ‘excessos’ destas missas nalgumas paróquias.

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Admite que seja também a forma de (tentar) agradar a todos. “É preciso que todos tenham a oportunidade de contribuir também. As pessoas querem contribuir. Se não houvesse todas essas Missas do Parto as pessoas sentiam que naquele ano não tinham tido a Missa do Parto que podiam proporcionar também aos outros”, apontou, procurando relativizar outras interpretações.

“Que todos os males do mundo fossem esses”, concluiu.

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