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Explicador Madeira

Ozempic, o medicamento ‘erradamente’ usado para emagrecer

Autoridades de Saúde têm alertado para as consequências da toma desregrada

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Foto Shutterstock

O Ozempic é um medicamento que está ‘nas bocas do mundo’, literalmente. Apesar de ser indicado para doentes com diabetes tipo 2, a verdade é que tem vindo a ser usado, com cada vez mais frequência, por aqueles que querem perder peso.

A ideia de conseguir emagrecer sem grande esforço é tentadora, mas a verdade é que esta atitude tem consequências.

O medicamento não tem indicação clínica aprovada para ser prescrito e usado para controlar o peso em doentes sem diabetes. No fundo, está a ser utilizado off-label. Alguém que o faça estará a correr riscos e a sujeitar-se a eventuais efeitos secundários. Além disso, o aumento da procura do Ozempic provocou dificuldades de acesso a quem dele precisa, explica a Deco Proteste.

Com o aumento da procura, rapidamente surgiu a venda deste medicamento on-line, pese embora apenas seja permitida a sua venda e farmácias. Por esse motivo, o Infarmed e a Organização Mundial da Saúde têm alertado para a deteção e suspeita de unidades falsificadas de Ozempic.

Segundo explica a Deco, “semaglutido «imita» os efeitos de uma molécula que existe no intestino dos seres humanos – a GLP-1 – que tem múltiplas ações na regulação do apetite e da glicose, bem como no sistema cardiovascular. O semaglutido reduz a glicemia, sendo que o modo como o faz provoca um ligeiro atraso no esvaziamento gástrico. Por outro lado, diminui o peso corporal e a massa gorda existente no organismo por baixar a necessidade de aporte de energia, o que envolve uma redução geral do apetite. Além disso, reduz a preferência por alimentos ricos em gordura”.

Nos ensaios clínicos foram reportadas reacções gastrointestinais, como náuseas e diarreia, ambas muito frequentes, bem como vómitos (frequentes). Em regra, estas reações foram de gravidade ligeira ou moderada e de curta duração. Além disso, ao atrasar o esvaziamento gástrico, pode alterar a absorção de eventuais medicamentos tomados por via oral.

Por outro lado, tal como refere a CNN Brasil, país onde o recurso off-label deste medicamento tem registado um aumento, uma das consequências é a denominada ‘cabeça de Ozempic’. Claro que não se trata de um termo científico, mas segundo explica o endocrinologista e director da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo, Ricardo Barroso, este é um suposto efeito colateral do uso do medicamento, que provoca a desproporcionalidade da cabeça em relação ao resto do corpo. Deve-se à “perda de massa muscular causada pelo rápido emagrecimento”.

“Essa questão da desproporcionalidade entre rosto e corpo acontece pela perda de massa muscular, causada pelo rápido emagrecimento. Isso dá a sensação do resto do corpo estar mais magro do que a cabeça. Então, tudo tem a ver com a falta de massa muscular e de estrutura da composição corporal”, afirma o endocrinologista à CNN.

Além disso, a rápida perda de peso também pode causar flacidez no rosto, condição apelidada de “rosto de Ozempic”.