Países europeus pedem transição ordeira, inclusiva e sem extremismos
Os chefes da diplomacia de Espanha, França, Alemanha, Itália, Polónia e Reino Unido instaram hoje a 'nova' Síria a rejeitar todas as formas de extremismo e alcançar uma transição ordeira e inclusiva após a queda do presidente Bashar al-Assad.
"Após a queda do regime de Assad, é essencial preservar a integridade territorial da Síria e respeitar a sua independência, a sua soberania, bem como as instituições do Estado, e rejeitar todas as formas de extremismo", frisou o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, e os seus homólogos de França, Alemanha, Itália e Polónia, bem como a secretária de Estado britânica para a Europa e a chefe da diplomacia comunitária, Kaja Kallas, num comunicado após a reunião no formato G5+ em Berlim.
Para estes seis países europeus, todas as partes interessadas "devem respeitar o direito internacional e proteger os membros de todas as minorias, ao mesmo tempo que se envolvem num diálogo inclusivo, liderado e controlado pelos sírios, em todas as questões-chave para garantir uma transição ordenada, pacífica e inclusiva".
Tudo isto de acordo com a vontade do povo sírio e no espírito da resolução 2254 de 2015 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que apelava a um processo político liderado pelo povo sírio e facilitado pela ONU, para sair da crise que a República Árabe já estava a vivenciar.
"A Síria deve também ser vista de uma perspetiva regional mais ampla", frisaram os ministros, que "saudaram o recente cessar-fogo no Líbano e sublinharam a necessidade de um cessar-fogo também em Gaza, de um acordo para a libertação de reféns e de acesso a ajuda humanitária em grande escala".
Antes da reunião, Albares defendeu o estabelecimento de "contactos cuidadosos" com as novas autoridades sírias após o derrube de al-Assad, para deixar-lhes claro o que a União Europeia (UE) espera do futuro da Síria, incluindo o respeito pela integridade da Síria.
"Penso que é importante, porque é uma grande oportunidade, uma vez que Assad tenha caído e uma ditadura esteja atrás de nós, de termos contactos com as novas autoridades (...)", frisou o ministro espanhol, citado pela agência Efe.
A HTS, ou Organização de Libertação do Levante, que liderou os rebeldes que derrubaram Bashar al-Assad, que esteve 24 anos no poder, prometeu tolerância para com as diferentes seitas e credos do país.
A HTS, que tomou o controlo das principais cidades sírias e declarou Damasco livre no domingo, após uma ofensiva que durou apenas 12 dias, é a herdeira da Frente al-Nusra, uma antiga filial da Al-Qaida na Síria.
A coligação liderada pela HTS integra atualmente uma variedade de fações rebeldes, incluindo os pró-turcos.