Amar sem fim à vista
A liberdade da agamia conquista sobretudo os jovens
O amor romântico ficcionado nas histórias e nos filmes está a perder força. O mundo das relações amorosas e dos afectos vem mudando a uma grande velocidade, com cada vez mais pessoas a se afastarem dos modelos tradicionais do casal, seja heterossexual ou homossexual, para abraçar outras formas de olhar o outro. Uma dessas novas formas que surgiram e que começam a ter mais adeptos sobretudo entre os jovens é a agamia, marcada pelo desinteresse em estabelecer relações românticas.
O termo, que já é um dos mais pesquisados no Brasil, na Austrália e no Canadá, nasce da junção das palavras 'a' (não ou sem) e 'gamos' (união íntima ou casamento). Os agâmicos são pessoas que não querem compromisso, não querem casamento e geralmente não querem filhos. Recusam-se a entrar numa relação formal, preferindo investir em si e no seu conhecimento profundo.
Estas pessoas acreditam que as relações condicionam o desenvolvimento do indivíduo e por isso não querem uniões íntimas que limitem. O princípio da agamia assenta na rejeição ao amor.
“O novo comportamento representa uma crítica à ideologia amorosa/romântica e questiona o sentimento da paixão, sugerindo que esse estado emocional não permite que as pessoas ajam racionalmente e as empurra a ter expectativas irrealistas”, escreveu O Globo sobre este tema.
Enquanto os solteiros estão sós porque não encontraram alguém, é geralmente uma fase transitória da vida, os agâmicos estão sós por opção.
À semelhança de outras formas como o poliamor e os relacionamentos abertos, esta corrente abre-se a experiências com mais do que um parceiro, mas sem vínculos emocionais, sem compromissos ou amarras, sendo os amigos que desempenham o papel de apoio, na opção pela inexistência de um parceiro ou parceira. Aliás, o foco central da agamia é a realização a solo, o desenvolver a capacidade de estar só, o não querer uma relação romântica, sendo que na sexualidade a prioridade é também o desenvolvimento da sexualidade individual, o autoconhecimento também a este nível.
Os agâmicos, explica O Globo, “não pretendem aniquilar completamente os laços, mas sim explorar os tipos de uniões pessoais que se encontram, mas de forma livre”.
Esta corrente que vem conquistando as novas gerações na América do Sul, Japão e Estados Unidos não rejeita o afecto nem a sexualidade. "Apenas rejeita a ideia do amor romântico, do compromisso. E da necessidade de que este sentimento seja necessário para que haja intimidade e sentimentos entre as pessoas”, explica sítio agamia.com, referindo que o não estabelecimento de relações se estende também à vida social, que passa a ser em função apenas de afectos.