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Muito obrigado e até sempre!

A 10 de Junho de 2022 e por um amável convite do Dr. Ricardo Oliveira, digno Director deste matutino, iniciei e comprometi-me, com uma colaboração mensal, com a publicação de um artigo de opinião; o que cumpri religiosamente. Até hoje. E foram 31 (trinta e um).

O 10 de Junho, curiosamente, é o dia que presta homenagem a Portugal, aos portugueses, à cultura lusófona e à presença portuguesa por todo o mundo; ora, nesta fase da minha vida o orgulho que tive nessa origem, e em que, fui educado e formatado, esbateu-se e esboroou-se pelo caminho. Infelizmente!

Mas, não deixou de ter algum simbolismo, embora, por coincidência, o início desta caminhada ter sido nessa data, que agora termina e por minha iniciativa e vontade.

Se calhar, como terminou a minha jactância por esse dia e efeméride ... O que não deixa de ser representativo, sintomático e até engraçado, ainda que triste!

Não tenho, nem me vou dar ao trabalho de apresentar, argumentar ou justificar “as minhas razões” para isso e o distanciamento cada vez maior em relação ao país que me viu nascer, são muito pessoais e levaríamos muito tempo a discorrer sobre o assunto. É que, ou se sente, ou não se sente; e eu deixei de sentir!

Mas, atente-se:

• A forma como se tratou e trata os que em determinado momento e tempo, de forma abnegada e séria, cumpriram com o seu dever de “defender a Pátria”, independentemente do que veio a acontecer depois. É que eu fui “um desses” e vi alguns que acreditaram nisso, deixarem a vida lá; e alguns deles, pura e simplesmente deixamo-los lá e nem os seus corpos ou o que restou deles trouxemos.

• Damos “aulas de Democracia”, com laivos de superioridade e temos um Parlamento que, cobardemente, precisou de 49 anos para acolher o 25 de novembro. Já agora, note-se, que foi este acontecimento, que possibilitou aos políticos dos diversos partidos lá se sentarem, dando cumprimento à Democracia representativa legitimados pela soberania popular.

• É que eu estive lá nesse dia, voltei à tropa 2 meses antes por causa disso e se as coisas tivessem corrido mal, eu e muitos outros que não andamos a passear “o cravinho vermelho” ao peito, não estaríamos aqui nem para contar, nem para assistir, por vezes a tantas figuras ridículas que se fazem… É que, convém não esquecer, que alguns deram a sua vida por isso e se calhar, só têm flores, se a Família se lembrar…

• Tem um Presidente da República que no caso “das gémeas”, não se apercebeu de nada.

• Mais recentemente tivemos um Ministro pateta, coitado, que do alto do seu metro e vinte, “destratou” um oficial General da Força Aérea e em público, por manifesta falta de categoria para ocupar tal lugar, ainda por cima mentindo posteriormente, sobre o infeliz episódio como se fôssemos todos tontos.

• Em que ter políticos competentes e honestos, é muito mais a excepção do que a regra.

• Ser do mesmo país do Mamadu Ba, do Odair Moniz, do e das Mortáguas e outros equivalentes...

• Dos Salgados, Sócrates e da Justiça que era suposto julgá-los...

• Que quanto mais se fala em democracia, maioríssimas dificuldades têm muitas e cada vez mais pessoas, para viver e sobreviver com um mínimo de condições e com dignidade.

• Outras muitas e inúmeras razões que poderia apresentar, umas mais remotas, outras mais próximas e que para mim atingiram o limite.

São bons exemplos, alguns recentes, mas, que espelham o que ao longo dos anos me foi provocando esse grande distanciamento e falta de empatia com aquilo que deveria ser “a Pátria comum”...

Vivo nele, pois é tarde para mudar, embora, sabendo que “passam bem sem mim” ... E eu também, felizmente!

Mas,

Voltemos ao que interessa e ao que me traz aqui.

Desde o primeiro artigo tive alguns comentários, incentivos, telefonemas, mensagens de amigos, de conhecidos e desconhecidos que me abordavam na rua e até no supermercado, o que confesso me surpreendeu, pois, nem estava à espera nem o procurava, mas, que me enchia a alma e de alguma forma o ego, essa identidade de pontos de vista.

Nos últimos meses, reconheço, cada vez menos tive esse “feedback”, o que é natural, mas, isso, em termos empresariais, tem um significado e há que saber antecipar, interpretar e lê-lo:

• O mercado está maduro e o “produto” ou melhor, o seu ciclo de vida está a sofrer um encurtamento e a se encaminhar para a rotina e banalização. Não o vou permitir.

Na vida e tal como o tenho defendido e praticado - Há que saber chegar e saber quando, é o momento de partir.

Reconhecer e se enquadrar no “nosso” tempo e lugar. O respeito, que devemos aos outros e a nós próprios, exige-nos isso. Sem dúvida!

Foi uma experiência muito gratificante e interessante e que quero agradecer a todos os que mensalmente me leram, pedir desculpa por algum comentário eventualmente menos elegante ou certo, mas, tenho na minha consciência que fui sempre verdadeiro e honesto, com os meus princípios e sentimentos e nunca abdiquei disso. Vou de consciência tranquila, também, porque nunca utilizei o espaço que me proporcionaram, para “me aproveitar” da situação. Mantive sempre as distâncias. Orgulho-me disso!

Sabia, que ser jornalista, é um desafio muito sério e difícil. Hoje e pelos que são imparciais, íntegros e independentes e apenas por esses, tenho ainda mais respeito e admiração.

Tocou-me o privilégio de ter tido, uma aproximação ao vosso mundo.

Por último, o meu agradecimento ao DN e ao seu Director que me acolheram e permitiram expressar a minha opinião sempre livremente e em Liberdade. Muito obrigado!

Votos de Bom Natal para todos!

Em criança esperava ansiosamente pela chegada do Pai Natal; agora vou usufruir da época e estação, mas, aproveitando a sua “boleia” para ir pregar para outra freguesia. Irei com ele!

Até sempre!