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Crónicas

Trabalha para seres independente, escolhe quem te faça sorrir

Nem sempre é fácil sabermos o que queremos nem perceber o que nos faz feliz

O que é que nos faz feliz? O que determina as escolhas que fazemos e o controlo que temos sobre o caminho que percorremos? No decurso da nossa vida são muitas as pessoas que nos passam à frente. Umas ficam e vão embora, outras não ficam nem um segundo e um número reduzido delas chegam para deixar marca. Por vezes estamos preparados para receber muito e dar pouco, outras é o contrário. Há momentos em que estamos mais carentes e outros onde podemos satisfazer a carência de alguém. Depois há o equilíbrio entre tudo isto, a estabilidade, o conforto e a consistência. Que é uma das minhas palavras preferidas em inglês. “Reliable”, que em português significa confiável e fiável. Há tempos em que não sabemos bem o que queremos, noutros procuramos no sítio errado. Umas perdemo-nos e outras encontramo-nos. Essa é a magia das relações e dos relacionamentos. Encontrarmos as razões certas, um propósito que não seja passageiro e nos faça ficar. Nem sempre é fácil sabermos o que queremos nem perceber o que nos faz feliz. Não somos verdadeiros connosco e exigimo-nos certas condições só porque a sociedade assim o determina.

Talvez por isso na nossa inocência, quanto somos miúdos apaixonamo-nos pela mais gira da turma. Quando crescemos percebemos que isso por si só vale de pouco. Porque a imagem não é eterna, vai-se adaptando à idade e às vivências e de repente, quando nos olhamos ao espelho não somos mais aquele jovem de 18 anos. O que por si só não tem que ser negativo. Tem é que ser encarado como um processo natural em que devemos dar valor e aproveitar os diferentes estágios da nossa vida. Assim, devemos refletir nos outros o que somos genuinamente e procurar neles a naturalidade e a cumplicidade orgânica. Não devemos estar à espera de encontrar alguém que nos sustente, nem ver nos outros um bilhete premiado da lotaria. É dentro de nós que temos que encontrar a paz, a tranquilidade e a capacidade de fazer os outros felizes mas também devemos lutar por ser independentes, por não precisarmos de quem nos venha salvar. Se atingirmos essa independência podemos encontrar nos outros aquilo que realmente interessa. Os sentimentos, as emoções, a vontade de partilhar e de experimentar.

A cumplicidade é dos lugares de mais difícil acesso. Não se compra com dinheiro, não se força nem se determina. Acontece e pronto. É nessa cumplicidade, nas mais pequenas coisas como dividir um sofá a ver uma série ou cozinhar para alguém e nas maiores como ter um filho ou fazer uma viagem que nos apercebemos do valor das nossas escolhas. Não há nada na vida como ter vontade de ir para casa. De sabermos que temos quem goste de nós e que nos tempos mais difíceis se transformam em porto seguro que nos guarda e resguarda da tempestade. Como nos tempos mais fáceis, os sucessos que atingimos e com quem os partilhamos. É lógico que somos todos diferentes, procuramos características distintas, não gostamos todos do mesmo felizmente. Mas há certas coisas que são transversais a qualquer relação e que acrescentam de uma forma geral.

É a capacidade de alguém nos fazer sentir bem. De nos transmitir tranquilidade e conforto. Segurança. É lá nesse sítio imaginário onde somos felizes. É por isso que não devemos imputar aos outros o que nós próprios não conseguimos fazer, nem fazer escolhas porque nos podem trazer esta ou aquela vantagem. Devemos assegurar essa estabilidade dentro de nós e depois procurarmos escolher quem nos faça sorrir. Quem torne os nossos dias mais leves e quem nos faça sentir saudades. Muitas vezes é a nossa própria instabilidade que nos leva para escolhas erradas determinadas pelo momento. As respostas encontramo-las quando conseguimos ser sinceros connosco. Escolhe quem te faça sorrir.