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Ano conturbado a chegar ao fim

A crise política que está aberta na Região é das mais tristes de sempre

Este será o último artigo deste ano, que está a chegar ao fim. Passou rápido e, ao mesmo tempo, devagar. Rápido nos acontecimentos a nível político e social. Devagar na recuperação das minhas feridas, que não foram poucas, e algumas terei que as levar para o ano novo. Tenho acompanhado, de forma mais limitada, tudo o que se passa na Região, no País e no mundo. Estou profundamente assustada com o que vejo, sobretudo em termos de retrocessos políticos e sociais. Os resultados de algumas eleições, como a dos Estados Unidos da América, são assustadores para a humanidade.

O crescimento e a arrogância da extrema direita, com Trump à cabeça, é mesmo para assustar quem pensa diferente e quem luta por um mundo mais igualitário e mais justo. As guerras que estão a matar inocentes e que colocam populações à fome e à sede são cada vez mais assustadoras. Os donos das armas é que lucram com elas. Há muita cobardia instalada a nível internacional e a chantagem permanente que alimenta o genocídio sobre gaza e a ocupação na Ucrânia não está a conseguir ser travada pelas organizações internacionais mesmo com o Presidente da ONU e o Papa Francisco a elevar as vozes apelando à paz. A sensação é que se está a perder o respeito e que existem muitos Pilatos a lavar as mãos para não ficarem sujos com tanto sangue. Em Portugal, no ano em que comemoramos 50 anos da revolução de Abril, a preocupação dos partidos de centro e de direita é comemorar o golpe do 25 de Novembro, que feriu de morte a revolução em curso, e em nome da democracia e dos valores reformistas e anti revolucionários, destituíram e prenderam quem queria que a revolução fosse mais longe. Durante todos estes anos tudo fizeram para a denegrir e injuriar. Quem viveu esses tempos sabe que só o 25 de Abril é que foi a verdadeira revolução e que as conquistas políticas foram aprovadas pelo Parlamento, Assembleia da República, incluindo a nossa Autonomia Regional. A participação dos e das trabalhadoras nas lutas por direitos. A participação das populações na luta pelo direito à habitação, à saúde e educação foi crucial para que o nosso país se fosse afirmando como mais justo e mais humano.  Na nossa Região também assim foi. Quando foram construídos os primeiros Bairros Sociais, que retiraram as famílias que viviam em furnas e barracas, para viverem num teto decente, muita luta foi desenvolvida e muita gente se juntou durante anos até que mais ninguém vivesse em condições sub-humanas. Tudo o que foram conquistas sociais tiveram sempre a participação das pessoas que durante muitos anos souberam se unir para que a sua vida fosse melhor. Infelizmente preocupa-me que este espírito se esteja a perder e que hoje são quase sempre as mesmas pessoas a darem a cara para manter viva a reivindicação e a denúncia do que está mal. É sinal que algo da revolução se está a perder pelo caminho do 25 de novembro... A crise política que está aberta na Região é das mais tristes de sempre porque está em causa a honra de titulares de cargos políticos que deviam ser os primeiros a se retirarem de cena, até que todas as suspeitas sejam esclarecidas, para bem da democracia e para bem de essência da política, que é servir o povo e nunca dele se servir. Tenho vergonha de ser madeirense neste momento. Nunca como hoje estamos a ser todas e todos enxovalhados/as e a maioria dos partidos políticos parece que ainda não se deu conta que entrar no “joguinho” do faz de conta, ora aprovamos ora desaprovamos, para manter este estado lamacento, é reprovável a todos os níveis. Embora seja por natureza uma pessoa otimista e positiva, estou preocupada com toda esta carga negativa que vamos levar para o novo ano. No entanto, vou manter o meu lema diário “Sejamos felizes à nossa maneira”. E já agora, Feliz Natal!