Recusa no atendimento

Sou um cidadão orgulhoso, nado nas Terras do Demo, a viver desde há muitos anos na mais bela cidade do mundo: Lisboa.

Tenho, como legal esposa, a mais bela das madeirenses, por contrato mútuo celebrado há 49 anos, na freguesia de Campolide-Lisboa.

De férias, no Serrado do Mar, Câmara de Lobos, acompanhei a minha esposa ao Centro de Saúde desta cidade, com o fito de mudar o sensor, aparelho utilizado pelos diabéticos como medidor/quantificador da glicémia produzida.

Ora a diabetes diagnosticada, a esta doente, provém da perda da cauda do pâncreas e da extração do basso, em consequência de uma cirurgia necessária e oportuníssima, efetuada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa: como este órgão não produzem a insulina suficiente há que haver uma compensação do exterior.

Chegados ao Centro referido, fomos questionados quanto à marcação prévia de uma consulta de enfermagem. A esta inquirição respondemos que desconhecíamos essa formalidade.

Pois bem, assim sendo, terão que ir a uma consulta de endocrinologia! - informou-nos a simpática funcionária de serviço, postada atrás do guichet.

Onde a inscrição? - Quisemos saber! Não é aqui no Centro, mas também não lhe sei dizer onde.

Perante esta informação tão carregada de certezas e de utilidade extrema, pedimos que, perante o enfermeiro, implorasse que alguém no serviço disponibilizasse três minutos - espaço de tempo que normalmente é necessário para a muda de aparelho - porquanto, tanto a agora utente, como o acompanhante, foram diagnosticados há poucos dias, neste mesmo Centro, com broncopneumonias que aconselhavam o recato sereno do lar por mais uns dias.

Estas justas alegações não causaram a mínima diferença na convicção do Sr. Enfermeiro! Manteve-se, errada e insensivelmente irredutível! Homem de convicções, pelos vistos. Posto perante o histórico da utente: doente oncológica, diabética, com broncopneumonia não curada, idade de 78 anos. Inamovível, estúpida e teimosamente.

Claro, em cumprimento do nosso dever cívico elaboramos a fundada reclamação e zarpamos em direcção à farmácia mais próxima: Farmácia Lobos do Mar, Estrada de Santa Clara, 60, Câmara de Lobos.

O entendimento foi no momento. Sem querer extrapolar ou generalizar, para não tropeçar na injustiça, foi mais um acto em que o sector privado funcionou, contrariamente ao público, que continua orgulhosamente a emperrar, emperrar, emperrar. !

Como audivente dos telejornais da Madeira:

Senhor Secretário Regional da Saúde, Dr. Francisco Ramos! Sei-o perturbado por razões da natureza judicial/politica.

Todavia devo dizer-lhe que as cores com que pinta o serviço que tutela, muito vivas, optimistas, claras, nada têm a ver com as que, de facto, ensombram o quadro real: um negro confuso, desordenado, perro, pesado. Deixe-se de tangas, balelas, banha da cobra, areia para os olhos para inglês ouvir e ler nos mídia e transforme-se num utente qualquer e terá a a prova do que não quer ver.

José Maria de Sousa Caria