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Conheça alguns dos mitos sobre a fertilidade e tire as suas dúvidas

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Foto Shutterstock

As dúvidas sobre a fertilidade são frequentes e são muitos os que se fiam em mitos, o que acaba por criar uma barreira na concepção e fertilidade.

Há casais que defendem que será mais fácil engravidar se tiverem utilizado contraceptivos de barreira em vez de medicamentos hormonais orais, nomeadamente a pílula.

Mas isto não passa de um mito, afirma Ana Raquel Neves, especialista em ginecologia do IVI Lisboa.

Segundo a médica, são muitas as mulheres que acreditam que pelo facto de estarem a tomar a pílula há muito tempo vão ter dificuldade em engravidar, o que não corresponde à verdade.

“O tempo da toma de contraceptivos orais não é um factor de prognóstico reprodutivo, nem um preditor de esterilidade futura. O factor mais importante será a idade da mulher quando ela decide engravidar ou se existem outras causas de esterilidade”, explica, com base em estudos científicos.

Ana Raquel Neves esclarece ainda que os contraceptivos “não esgotam a reserva ovárica nem conduzem à infertilidade”. Explica sim que, “existe um falso mito de que, tendo tomado medicamentos que promovem a anovulação durante alguns anos, estes evitam algumas ovulações adiando, assim, a menopausa."

“Em geral, o período retoma após suspensão da pílula. No entanto, por vezes, há recuperação da função do eixo hipotálamo-hipófise-ovário e, portanto, a ovulação pode demorar um pouco. Este efeito é conhecido como amenorreia pós-pílula e pode durar até 3-4 meses. Por outro lado, o DIU hormonal à base de progesterona ou a utilização contínua e/ou prolongada da pílula podem levar a ausência de período menstrual ou fluxo mais escasso, sem que isso se associe a infertilidade”, esclarece a profissional de saúde.

E será que é importante descansar para ‘reactivar a fertilidade? A ginecologista garante que não, pois a ovulação geralmente recupera após suspensão do contraceptivo.

Contudo, adianta que, caso tal não aconteça, “pode ser sinal de um problema de ovulação subjacente e carece de avaliação médica. Não havendo contraindicação para a sua toma, a suspensão da pílula deve ser motivada pela vontade da mulher ou por desejo de gravidez. Na verdade, o esquecimento de um comprimido de pílula, mesmo sem descanso prolongado, pode levar a uma gravidez indesejada.”

Quando devo procurar um médico?

 A ginecologista alerta ainda que, se a gravidez não for alcançada após um ano de relações sexuais desprotegidas ou seis meses, no caso de mulheres com mais de 35 anos, ou, independentemente da duração do desejo gestacional, sempre que existam antecedentes médicos sugestivos de infertilidade, é importante procurar um especialista que possa fazer uma avaliação adequada.

"Esta avaliação médica aplica-se tanto às mulheres como aos homens, uma vez que a infertilidade masculina é responsável, na mesma proporção que a feminina, por dificuldades em engravidar naturalmente. O importante é os pacientes estarem informados sobre os sinais de alarme referidos que devem motivar a procura de ajuda para que o factor tempo não agrave o prognóstico e para que os especialistas possam explorar a melhor solução para cada caso", concluiu Ana Raquel Neves.