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Madeira

"O PS Madeira não deve viabilizar esta moção de censura"

Foto Arquivo/Aspress
Foto Arquivo/Aspress

O antigo dirigente do Partido Socialista, também ex-deputado na República e na ALM, Ricardo Freitas, entende que "o PS Madeira não deve viabilizar esta moção de censura" ao Governo Regional proposto pelo Chega. "Quando analiso este problema e desenho as variáveis que lhe envolvem, na expressão estratégica, tática e, ainda, na componente de percepção do eleitorado a essa posição política, respondo Não", diz numa posição assumida ao DIÁRIO.

E justifico esta posição em função de 5 pontos ao que acrescenta uma nota, a saber:

"1 - Estrategicamente não deve o PS-M se constituir no motor ou agente da queda deste governo. Não sendo visível, no momento, dentro do quadro parlamentar, a existência de qualquer alternativa coerente, o resultado seria o futura dissolução da ALM, com a realização de eleições legislativas regionais, antes das eleições autárquicas e sem dar tempo ao reforço do projecto alternativo do PS-M. Ou seja não favorecia o PS-M; Não ajudava a Madeira e, quanto muito, permitia a vitimização do PSD-M. Considerando que até mesmo o próximo orçamento regional ficaria em causa, seria ainda incutido ao PS-M a responsabilidade por criar dificuldades no PRR, no programa 20-30 e no normal funcionamento de muitas disposições administrativas de gestão.

2 - Taticamente, o PS-M sabe que mesmo que sem contributo para a viabilização da moção de censura, desenhada pelo Chega, garante uma posição de coerência própria e não legitima a posição de liderança do Chega, mantendo-o no reduto antisistema democrático, que o próprio Chega criou e que os democratas e autonomistas nunca deveriam normalizar.

3 - Por mera evidência lógica, o PS-M sem ter necessidade de ser responsável pela queda do Governo Regional, basta-lhe assistir à queda do GR, visto que o quadro da maioria que sustenta o governo da Madeira e que legitimou o programa de governo e orçamento regional passado, acabou. A incapacidade do PSD-M gerar entendimentos e compromissos, levará inevitavelmente a uma crise política, por incapacidade governativa, não garantindo qualquer eficiência ou eficácia na sua governança e gestão política.

4 - O PSD-M encontra-se num processo decadente e a manutenção da sua estrutura governativa, que não foi capaz de tirar ilações da sua fragilidade, nem soube reinventar-se, não precisa de qualquer ajuda do PS-M para lhe criar quaisquer condições de resistência pela vitimização. Basta dar tempo ao tempo e o PS-M assistirá às mudanças inevitáveis do quadro governativo regional.

5 - Ser alternativa é estar preparado a apresentar um comportamento responsável, tendo por objectivo o bem comum e ponderando, valorizando, cada vez mais, o interesse dos madeirenses que se sobrepõe ao interesse imediato ou mesmo de médio prazo, do próprio partido.

NOTA - O tempo da justiça é, como sabemos, um tempo que não se coaduna com os tempos políticos. Contudo, a precipitação política é sempre má conselheira e não devem os políticos confundir as várias esferas do sistema democrático. A conjuntura política, aconselha calma e clareza. Neste momento pede-se sabedoria."