Carlos Jardim sobre a moção de censura: "PS deveria ter liderado o processo"
Militante diz, contudo, que o modo como foi apresentado pelo Chega, parece que não querem que a oposição vote favoravelmente, mas caso passe e o governo caia, também o PS deve mudar de líder
O antigo dirigente do Partido Socialista da Madeira e que em 2020 chegou a ser candidato à liderança, Carlos Jardim, diz que "em relação à posição do PS Madeira sobre a Moção de Censura apresentada pelo Chega, entendo que deveria ter sido o PS Madeira a liderar este processo, marcando o tempo, os assuntos e a agenda política", começa por frisar, dizendo ser urgente uma definição da posição a tomar e, caso resulte em queda do Governo, a liderança do PS também deve mudar.
E passa a explicar: "Não é admissível que a atual liderança do Partido deixe que outros assumam o papel primordial de oposição na Madeira. Não só na questão de verificação e controle da ação governativa, mas também na definição das políticas a serem discutidas na vida pública, deve o Partido Socialista chamar a si essa responsabilidade, liderando a política regional."
E continua: "Por outro lado, as posições do Partido Socialista em relação aos mais variados assuntos estruturantes da vida regional devem ser claras e objetivas. Ou seja, o cidadão madeirense deve saber com o que contar do Partido Socialista. Neste momento, mesmo o militante mais atento tem dificuldade em perceber o sentido indicado pela liderança do Partido."
Após este 'preâmbulo', passa ao assunto em causa, a Moção de Censura em concreto. "Lendo a Moção de Censura, compreende-se no modo como está escrita, lançando farpas aos partidos na oposição, que há uma vontade clara do partido que a apresenta para que os outros partidos não a votem favoravelmente, procurando marcar pontos para o futuro", analisa.
Esclarecer posição e nova liderança
No entanto, acredita, "ao cidadão, pouco importa a vírgula ou o ponto: o que importa é o princípio. E a realidade é que o PS Madeira votou contra a Moção de Confiança a este Governo, criticando duramente as negociações entre os partidos que a suportaram. Assim sendo, o PS Madeira tem de explicar claramente a sua opção política, devendo fazê-lo o quanto antes", algo que poderá acontecer no sábado após a reunião de Comissão Política convocada por Paulo Cafôfo.
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E diz mais, para terminar: "Também não tenho dúvida que, sendo aprovada e havendo a dissolução da Assembleia, é tempo do PS também ir a eleições internas, definindo uma nova liderança, encontrando uma união no seu seio e apresentando-se a eleições com uma nova força."