Ungulani – uma voz única de Moçambique
É conhecido por escrever principalmente romances e contos, e já ganhou diversos prémios por suas obras
Ungulani Ba Ka Khosa, nome tsonga (grupo étnico do Sul de Moçambique) de Francisco Esaú Cossa, nasceu a 1 de agosto de 1957, em Inhaminga, província de Sofala.
Os seus pais, de origens sena e changana, foram enfermeiros assimilados, fato que o aproximou, aos 12 anos de idade, da língua portuguesa e da leitura de escritores como Hemingway, Sartre, Dostoievsky e Gogol.
Tempos depois, e após viver em diversas localidades de seu país, Khosa dedicou-se à leitura de autores latino-americanos, atraído tanto pelas similaridades histórico-sociais com a África, quanto pela estrutura oral que faz fluir o realismo mágico presente nestes textos.
Khosa concluiu o seu ensino primário ainda na sua província, Sofala. Logo depois, terminou o seu ensino médio em outras províncias, parte em Lourenço Marques e uma outra parte em Zambézia.
Formado em Direito e em Ensino de História e Geografia, foi cronista em jornais, cofundador da revista literária Charrua e diretor-adjunto do Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual de Moçambique.
Em 1982 ele começou a trabalhar dentro do Ministério de Educação pelo período de um ano e meio. Depois de 6 meses após sua saída do Ministério da Educação foi convidado para atuar na AEMO, a Associação de Escritores do Moçambique, onde ele ainda é integrante.
Exerceu as funções de diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco e é secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos.
Com a sua obra de estreia, Ualalapi (1987), integra a lista dos cem melhores autores africanos do século XX, vindo a ser desde então largamente premiado.
Ualapi é um romance histórico retratando um período importante do colonialismo, a resistência de Ngungunhana aos colonizadores, com tudo o que isso implica. Mas também aborda a História recente.
É também autor de Orgia dos Loucos (1990), Histórias de Amor e Espanto (1993), Os Sobreviventes da Noite (2005), Choriro (2009), O Rei Mocho (infantojuvenil, 2012), Entre as Memórias Silenciadas (2013) e Cartas de Inhaminga (2017).
É conhecido por escrever principalmente romances e contos, e já ganhou diversos prémios por suas obras. Ele alia as histórias tradicionais a uma noção consciente de História.
Ao lhe ser perguntado como seria o romance nacional, ele responderia que o mundo moçambicano é tão diversificado e rico que cabemos todos, dificilmente haveria um único romance nacional. Abrem-se muitos caminhos, talvez daqui a 50 anos se possa fazer esse caminho.
Foi agraciado com o Grande Prémio em Ficção Narrativa, pelo Ualalapi, em 1990, o Prémio Nacional da Ficção, também por Ualalapi, em 1994; Figura entre os 100 maiores romances da África no século XX, com o Ualalapi, no ano de 2002, venceu o troféu José Craveirinha da Literatura, por conto do livro Os sobreviventes da noite em 2005 e o Prémio BCI da Literatura, por conta do livro Entre as memórias silenciadas em 2013.
Em fevereiro de 2014, em cerimónia ocorrida em Maputo, foi condecorado pelo Presidente da República Portuguesa com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo contributo que tem dado para o enriquecimento das letras moçambicanas e a divulgação de Moçambique e das suas culturas a nível internacional.
Em 2018, foi-lhe outorgado a Ordem do Rio Branco, Grau como Comendador pelo Governo Brasileiro, pelos 30 anos da carreira literária, que começou com a publicação do Ualalapi,. Recebeu ainda o Prémio José Craveirinha da Literatura, pelo seu conjunto de obra literária.