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Madeira

47 mil euros garantem continuidade de projectos de quatro instituições

O Governo Regional assinou esta quarta-feira constratos-programa com a Casa de Saúde S. João de Deus, a Associação da Madeira de Esclerose Múltipla, a Associação para pessoas com Autismo 'Os Grandes Azuis' e a Delegação da RAM da Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer

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Pedro Ramos apontou 2025 como ano da entrada em funcionamento da tão esperada comunidade terapêutica que deverá ficar sediada no antigo Centro Educativo, no Santo da Serra.

São quatro as instituições ligadas à saúde mental e às doneças raras que vão beneficiar de apoios do Governo Regional com vista a dar continuidade ou refoçar a sua acção junto da comunidade, com projectos que contribuem para uma melhor qualidade de vida dos seus utentes. No total, os quatro contratos-programa, representam 47 mil euros que vão ser assegurado pelo Instituto de Administração da Saúde (IASaúde). 

Na cerimónia que esta manhã teve lugar no Salão Nobre do Palácio do Governo, Pedro Ramos, além de traçar um historial dos investimentos feitos nas áreas por si tuteladas, fez questão de agradacer aos representantes das quatro entidades agora beneficiadas o papel que têm desempenhado junto de pessoas com doenças mentais ou com doenças raras e esclerose múltipla. 

No âmbito desta cerimónia, governante salientou que a comunidade terapêutica "será uma realidade na Madeira" no próximo ano, voltando a apontar o antigo Centro Educativo, no Santo da Serra, como espaço escolhido para a mesma. O secretário regional de Saúde e Protecção Civil esclareceu que, neste momento, está a ser ultimado o levantamento topográfico, para poteriormente ser feita a avaliação do imóvel e assim dar andamento às negociações com o Governo da República. Sobre isso, Pedro Ramos destacou o facto de ambos os Executivos serem do PSD, como elemento que poderá agilizar o entimento quanto à forma de cedência daquele imóvel. O processo "está bastante avançado", salientou, aguardado pela definição do "tipo de colaboração" que será estabelecida com o Estado português. 

Esta comunidade terapêutica é, no seu entender, uma peça-chave para que o acompanhamento do doente pós-internamento, antes da sua reinserção social, tenha "um período de adaptação que é sempre necessário". A esse propósito, afirmou que "neste momento, falta decidir com o Governo da República aquilo que o anterior Governo já tinha dito que iria ceder à Região, mas depois já não aconteceu". 

Quanto aos protocolos assinados hoje, o secretário regional destacou o facto de as verbas concedidas permitir "ajudar no funcionamento destas instituições, no sentido de complementarem o trabalho que o Governo Regional tem feito". No que toca à área da saúde mental, Pedro Ramos reforçou as acções que o Executivo madeirense tem levado a cabo "para melhorar, não só, a resposta, mas também o tratamento e o acompanhamento", vincou. 

Já os representantes das instituições aproveitaram a ocasião para pedir mais apoio do Governo Regional de modo a poderem alargar a sua actuação junto dos seus utentes. 

Isabel Fragoeiro, da delegação regional da Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer, mostrou-se bastante agradecida pelo apoio agora concedido, que no máximo poderá chegar aos 15 mil euros, mas reconhece que a acção da instituição que representa "está um pouco limitada" pela falta de recursos humanos, mas também de meios financeiros e do ponto de vista das instalações que garanta maior diversidade das respostas dadas aos utentes, indo ao encontro das suas necessidade e das suas famílias.

Já Ana Luísa Caires, da Associação para Pessoas com Autismo 'Os Grandes Azuis', que receberá, no máximo cinco mil euros, apontou a falta de recursos humanos especializados no mercado de trabalho para suprirem as necessidades sobretudo na área da reabilitação, particularmente de fisioterapia e de terapia da fala. "Nós estamos a precisar, com muita urgência, de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala", notando que "tem sido difícil" encontrar resposta nessas áreas nos serviços públicos, nomeadamente no Serviço de Saúde da Região. "Nós vamos dando a melhor resposta que encontramos", mas aquela responsável reconhece que ainda não é suficiente para a procura, quando apoiam cerca de 130 utentes, maioritariamente crianças. 

Quem também aproveitou para pedir mais a Pedro Ramos foi Nélio Olim, depois de ter sido garantida uma verba máxima de cinco mil euros. O presidente da Associação da Madeira de Esclerose Múltipla (AMEM), entidade que existe desde 2019, reivindicou um espaço próprio para mais facilmente acolherem os seus cerca de 200 utentes e melhor desenvolverem a sua acção diária. Pretendem, também, alargar a sua acção para as doenças raras. "Achamos que é o momento de criarmos um espaço onde possamos ter algumas actividades ocupacionais", pese embora as especificidades desta doença.  

Por sua vez, Eduardo Lemos, director da Casa de Saúde S. João de Deus destacou a importância do projecto que permite levar os cuidados de saúde mental à casa das pessoas, projecto que mereceu o apoio máximo de 22 mil euros por parte do Governo Regional. Com a implementação desta estratégia, foi possível diminuir de 70 para 40% a taxa de reincidência dos seus utentes, permitindo uma ajuda mais adequada aos utentes e às suas famílias. Com isto, foi possível diminuir, igualmente, o internamento compulsivo. Mas a Casa de Saúde quer "melhorar ainda mais" esta sua intervenção, esperando, para o efeito, das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para conseguirem alargar a outros concelhos esta resposta, com a criação de seis unidades comunitárias de saúde mental. 

Apenas a Associação da Madeira de Esclerose Múltipla recebe um apoio desta natureza pela primeira vez, enquanto as demais entidades vêem renovada a ajuda concedida pelo Governo Regional, conforme fez questão de notar Rubina Silva, que assumiu formalmente o cargo de presidente do IASaúde recentemente, após o afastamento de Bruno Freitas, como consequência das investigações do processo 'Ab Initio' e as suspeitas de corrupação que envolvem vários elementos da máquina governativa madeirense.