“A Madeira e a História”

“Permanecer ignorante do que aconteceu antes do que você nasceu é permanecer uma criança”, como disse Marco Cícero - filósofo romano.

Historiograficamente, na escola há o problema do não aprofundamento da história das regiões de Portugal, como devia ser parte integrante no plano de educação nacional. Acho que qualquer português devia conhecer mais sobre cada região do país. Menos ignorância, menos preconceito. Um país ainda muito centralista… Como escreveu o saudoso historiador madeirense Alberto Vieira, a história da Madeira assentou em 3 grandes ciclos: Cana-de-açucar, vinho e turismo.

A cana-de-açucar hoje cinge-se aos bolos e bebidas, o vinho felizmente ainda tem muito prestígio mas sofre já com a desregulada expansão imobiliária, assim como a nossa banana, também de qualidade reconhecida. Exige-se logo um travão imobiliário…

Infelizmente e compreensivelmente o bordado e os vimes já não podem apresentar os números do passado, saudades de ver os vimes artísticos da Camacha.

O turismo tem de ser debatido abertamente com a sociedade civil.

Perdemos muito do sossego, das quintas, do charme antigo que seduziu personalidades internacionais como Pilsudski, Churchill, Carlos I (Áustria), etc…

No norte da ilha felizmente ainda se sente a verdadeira beleza original da ilha.

O nosso passado pobre, atrasado e longe da metrópole teve o seus efeitos. Porém,

a nossa localização estratégica, possibilitou-nos o interesse britânico que com as suas influências exteriores como uma contra-balança ao subdesenvolvimento a que estávamos vetados.Nas artes, basta atentar às primeiras pinturas paisagísticas da Madeira (quase) sempre feitas por estrangeiros e não por nacionais. E, na ciência, os cientistas estrangeiros que visitavam a Madeira para estudar a nossa fauna e flora.

O Presente…É o que se vê: a monocultura do turismo, a agricultura definhando e uma indústria limitada.

Uma terra com excelentes condições climatéricas. A nossa paisagem é a nossa identidade e cultura, e uma das principais valências do nosso turismo.

É preciso um plano estratégico para a agricultura: com mais formação, estímulos e fiscalização obviamente. A pandemia confirmou a necessidade de uma agricultura forte.

Há também a necessidade de um novo empresariado. Mais jovem, com outra formação, cultura e nível que trate e respeite os seus trabalhadores com os seus direitos laborais de forma mais moderna, profissional e arejada e outrossim com os clientes com respeito e educação.

“Limpar” (uma parte) da função pública bafienta, acomodada e incompetente.

As nossas levadas, tão nossas e únicas, nunca devem ser pagas (por ninguém), apenas e só uma taxa turística única municipal.

Exige-se um sério planeamento territorial pensado e delineado. Mais frieza racional nos projectos, protegendo o património natural. Os estrangeiros invejam o nosso clima, temos de saber preservar o que nos foi oferecido pela natureza. Os turistas visitam-nos, não é para ver edifícios feios… Menos cinzento, mais verde (a cor original da Madeira)! A pérola do atlântico vai se acinzentando. As promenades são um “festim” de cinzento…

A Madeira não se pode tornar uma terra de caos urbanístico, ruído, obras por todo o lado, criminalidade, sujidade! Muitas pessoas já estão a fugir do Funchal e a fugir para o “campo”.

No futuro, a Madeira deve apostar numa arquitectura sustentável com projetos integrados com a natureza e materiais ecológicos.

Uma autonomia que nos orgulhe e nos responsabilize, que não é de nenhum partido, que é de todos os madeirenses!...Não interessa os partidos, o interesse superior é a Madeira!

Para não termos que abrir o baú, para olhar as fotografias e filmes do passado para apreciar as coisas boas da Madeira.

Porque este presente agora, será o nosso passado (o que fica feito) e o futuro (as consequências do que nós fazemos agora).

Rodrigo Costa