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Contra o Ciclo de Silêncio

O encerramento da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima na Madeira deixou um vazio preocupante na resposta à violência e ao abuso. Até então, a APAV acompanhava cerca de 100 famílias na nossa região, desempenhando um papel essencial no apoio a crianças e jovens vítimas de abusos sexuais e dando-lhes o acompanhamento psicológico indispensável. Este serviço, que era um pilar de apoio e segurança, fechou as portas devido à falta de financiamento, expondo um problema que não pode continuar a ser ignorado: a negligência dos recursos para combater a violência em todas as suas formas.

Recentemente, uma vez mais, a violência doméstica teve consequências fatais na Madeira, vitimando uma mulher. Este episódio traz à tona a realidade que muitos vivem em silêncio, presos num ciclo de medo e sofrimento. Casos de violência doméstica, feminicídio, abusos sexuais, bullying e outras formas de agressão permanecem em segredo devido a uma cultura de tabu e ao estigma que rodeia estas questões. Contudo, para enfrentar e erradicar estas violências, é crucial que falemos sobre elas de forma aberta, franca e sem receios.

A violência não discrimina idade, género, ou estatuto social e, por isso, exige uma resposta integral, abrangente e eficaz por parte das autoridades. Quando o Estado falha em garantir os meios de apoio necessários, cada vítima torna-se, inevitavelmente, duplamente penalizada: uma vez pela violência sofrida e, depois, pela ausência de um suporte que deveria ser garantido.

Não é aceitável que a nossa região esteja desprovida de estruturas que garantam a proteção e o apoio adequados àqueles que mais necessitam. Este é um direito fundamental e uma responsabilidade que o Governo Regional deve assumir com urgência, financiando e viabilizando a reabertura da APAV ou criando uma estrutura similar, robusta e eficaz. Esta não é uma questão de retórica política, mas de compromisso com a vida e dignidade humana.

Por isso, faço um apelo claro e direto às nossas autoridades regionais para que assumam o compromisso de viabilizar, de forma célere, os recursos necessários para um serviço de apoio à vítima na Madeira. Não podemos permitir que as vítimas de violência continuem sem o suporte essencial. É nosso dever coletivo oferecer a estas pessoas, principalmente às mais vulneráveis, uma saída, uma rede de apoio e uma esperança. Este é um imperativo moral e ético que todos, enquanto sociedade, devemos honrar. Romper o silêncio é essencial para apoiar as vítimas de violência!