Contestação à ministra da Administração Interna faz parte da lógica democrática
O presidente da República considerou hoje fazer parte da lógica democrática concordar ou contestar, escusando-se a comentar as contradições apontadas pela oposição à Ministra da Administração Interna sobre o direito à greve nas forças policiais.
"Faz parte da lógica da democracia haver isso mesmo, haver quem concorda, quem conteste", afirmou, em declarações à margem da sessão de encerramento do VI Encontro de Cuidadores Informais, em Grijó, Vila Nova de Gaia (distrito do Porto).
A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, afirmou no domingo que o tema do direito à greve estaria "em cima da mesa" nas negociações previstas para janeiro com as associações de polícias.
Contudo, horas depois, um comunicado do Ministério da Administração Interna refere que "a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve".
Questionado sobre estava preocupado com a eventual escalada da tensão com as forças policiais, o Chefe de Estado escusou-se a comentar, sublinhando que não se pronuncia sobre questões específicas como esta.
"Posso-me preocupar, não falo é sobre isso", afirmou.
Na segunda-feira, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, considerou que a ministra da Administração Interna já mostrou em diferentes momentos a "inaptidão para as funções", responsabilizando o primeiro-ministro porque foi ele quem escolheu e mantém Margarida Blasco no cargo.
No mesmo dia, também o líder do Chega, André Ventura, apontou "falta de unidade política" ao Governo sobre o direito à greve nas forças policiais, considerando que o primeiro-ministro "sai fragilizado" e que o tema deve ser discutido.
Já o presidente da Iniciativa Liberal pediu ao primeiro-ministro para ponderar "muito bem" se Margarida Blasco tem condições para continuar como ministra da Administração Interna, apontando-lhe dificuldades na comunicação e na gestão política.
Ainda na segunda-feira, em resposta às críticas, o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, defendeu que o atual Governo "não tem nenhum problema na equipa" e elogiou o trabalho desenvolvido pela ministra da Administração Interna, frisando que tem valorizado as carreiras das forças e serviços de segurança.
No mesmo dia, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) afirmou hoje que a estrutura sindical vai "iniciar diligências" junto do Tribunal Constitucional e dos partidos políticos para discutir o direito à greve em Portugal.