Comissão Europeia acautela tensões geopolíticas e incerteza nas previsões de Outono
A Comissão Europeia disse, esta segunda-feira, que vai ter em conta as tensões geopolíticas e incerteza no consumo nas previsões macroeconómicas de outono, que vai apresentar na próxima semana, dado o crescimento moderado e o recente aumento da inflação.
"A economia da zona euro mantém-se numa trajetória de crescimento moderado. É interessante notar que, há duas semanas, as Perspetivas Económicas Mundiais do Fundo Monetário Mundial [FMI] previam um crescimento do PIB de 0,8% para a zona euro este ano - exatamente o mesmo que as nossas previsões da primavera. Os números do terceiro trimestre foram melhores do que o previsto, especialmente para países como a Alemanha, a França e a Espanha, mas o crescimento mantém-se globalmente baixo", disse o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni.
Falando em conferência de imprensa após uma reunião do Eurogrupo, em Bruxelas, o responsável recordou que "os últimos dados relativos ao emprego são igualmente positivos, com os mercados de trabalho a manterem-se historicamente fortes", após uma taxa de 6,3% em setembro, e que, porém, a inflação aumentou em outubro para 2%, ainda que sem se esperar "um desvio substancial da trajetória" de redução.
"No entanto, as tensões geopolíticas e a incerteza pesam sobre o consumo, o investimento e o sentimento empresarial. A volatilidade dos preços da energia aumentou nas últimas semanas e a dinâmica do crescimento global e do comércio tem sido fraca", elencou Paolo Gentiloni, referindo que o executivo comunitário terá "todos estes elementos em consideração nas previsões de outono", que serão apresentadas a 15 de novembro.
Paolo Gentiloni vincou que, devido a este cenário, a zona euro deve "prosseguir uma trajetória que combine a consolidação orçamental com investimentos que promovam o crescimento e reformas estruturais".
"É o famoso caminho estreito que estamos a percorrer com a aplicação das novas regras de governação económica", referiu o responsável.
Até ao momento, a Comissão Europeia já recebeu 21 planos estruturais orçamentais a médio prazo, incluindo o português, estando por isso "a trabalhar arduamente com os Estados-membros" e a avaliá-los.
Em causa está o primeiro plano orçamental a médio prazo com objetivos para despesas e investimentos e reformas enviado por Lisboa a Bruxelas, ao abrigo das novas regras orçamentais da União Europeia, no qual se garante um alinhamento "com a estratégia macroeconómica e a política orçamental delineadas no programa do Governo, com o objetivo de aumentar a produtividade e a competitividade, assegurando simultaneamente a sustentabilidade das finanças públicas".
No documento, o executivo estimou um crescimento económico de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, de 2,2% em 2026, de 1,7% em 2027 e 1,8% em 2028, bem como uma queda de 12,7 pontos percentuais na dívida pública para 83,2% do PIB em 2028.
A UE tem em vigor, desde final de abril passado, novas regras comunitárias para défice e dívida pública (mantendo porém os tetos de, respetivamente, 3% e 60% do PIB), dada a reforma das regras orçamentais do bloco que os Estados-membros começarão a aplicar em 2025 após traçarem planos nacionais.