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Explicador Madeira

Consumo de suplementos alimentares pode acarretar riscos para a saúde?

Os suplementos alimentares, muitas vezes classificados de produtos naturais, não estão sujeitos a uma avaliação da eficácia e segurança como acontece com os medicamentos

Os suplementos alimentares são, de acordo com a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV)– organismo responsável pela sua comercialização em Portugal – “géneros alimentícios que constituem fontes concentradas de nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional ou fisiológico”.

O objectivo destes produtos passa por complementar ou suplementar uma dieta normal, podendo ser usados com a finalidade de corrigir carências nutricionais e, apesar de muitas vezes se assemelharem a medicamentos (comprimidos, ampolas, cápsulas e saquetas de pó) não são, nem os podem substituir.

Para lançar um suplemento alimentar em Portugal, as empresas apenas têm de notificar a DGAV e enviar o rótulo do produto,  com as substâncias que os compõem, as quantidades e a dose diária recomendada.

Estes produtos não estão sujeitos a um processo de avaliação da eficácia e segurança como acontece com os medicamentos. Uma empresa que pretenda comercializar um suplemento alimentar apenas necessita de notificar a DGAV da intenção de o colocar no mercado e remeter cópia da informação contida na embalagem ou no rótulo Ordem dos Farmacêuticos no seu sítio oficial na internet

Ao consultar o site da DGAV é possível constatar que a empresa que produz o produto é a única responsável por garantir que o produto é seguro para consumo.

Como se pode ter a certeza de que um Suplemento Alimentar é seguro?

Sendo os suplementos alimentares géneros alimentícios com algumas especificidades, a sua segurança têm de estar garantida, de acordo com o art.º 14.º do Regulamento n.º 178/2002:

  • 1. Não serão colocados no mercado quaisquer géneros alimentícios que não sejam seguros.
  • 2. Os géneros alimentícios não serão considerados seguros se se entender que são:
  • a. Prejudiciais para a saúde;
  • b. Impróprios para consumo humano.

A garantia da segurança do produto é sempre da responsabilidade do operador económico (art.º 17.º do Regulamento n.º 178/2002).

A ausência de informações sobre possíveis efeitos secundários quando em combinação com medicamentos e mesmo com outros suplementos, contribui para a desinformação e possíveis decisões sem conhecimento dos riscos envolvidos.

A informação disponível indica que certos suplementos alimentares, sobretudo à base de plantas, podem provocar interações potencialmente perigosas com medicamentos. Estas interações podem surgir quando as substâncias que fazem parte do suplemento alimentar têm uma atividade sinérgica (potenciadora) ou antagonista relativamente a um medicamento convencional. Como consequência, altera-se a concentração do medicamento no organismo, o que se traduz numa alteração da atividade terapêutica   Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, sobre o uso em simultâneo de suplementos e medicamentos

Segundo a DECO PROTESTE, que defende a criação de “um sistema de monitorização e de comunicação dos efeitos secundários dos suplementos alimentares”, estes são os suplementos mais populares que podem ter efeitos adversos quando consumidos em simultâneo com determinados medicamentos ou até mesmo outros suplementos:

Vitamina D
Interage com medicamentos como: magnésio, cálcio, lercanidipina (anti-hipertensor), varfarina (anticoagulante), insulina e antidiabéticos orais e digoxina (cardiotónico e antiarrítmico). 

Chá verde
Interage com medicamentos como:  sinvastatina (antidislipidémico, tratamento do colesterol), tacrolímus (imunossupressor), sildenafil (tratamento da disfunção eréctil), digoxina (cardiotónico e antiarrítmico) e varfarina (anticoagulante).

Vitamina E
Interage com medicamentos como:  ciclosporina (imunossupressor), varfarina (anticoagulante), insulina, ibuprofeno, tipranavir (antirretroviral), ferro, digoxina (cardiotónico e antiarrítmico) e propranolol (anti-hipertensivo).

Cálcio
Interage com medicamentos como: bifosfonatos (osteoporose), penicilamina (artrite reumatoide), quinolonas e tetraciclinas (antibióticos) e digoxina.

Hipericão (disponível em medicamentos à base de plantas e suplementos alimentares).
Interage com medicamentos como:ciclosporina e tacrolímus (imunossupressores), contracetivos orais, varfarina (anticoagulante), docetaxel (tratamento cancro) e indinavir (anti-VIH).

Vitamina K (os principais alimentos com vitamina K são vegetais verde-escuros).
Interage com medicamentos como: a varfarina (anticoagulante). 

Toranja (Conhecida por interagir com mais de 85 medicamentos, aumenta o risco de efeitos adversos).
Interage, por exemplo, com: ciclosporina (imunossupressor), felodipina (antianginoso), lovastatina, atorvastatina e sinvastatina.

Ginkgo Biloba
Interage com medicamentos como a varfarina e outros anticoagulantes.

Como prevenir reacções adversas:

- Questionar o médico sobre possíveis alimentos, substâncias ou bebidas que não deve tomar com a medicação que lhe é prescrita;

- Ler o folheto informativo do medicamento (estão sujeitos a um processo de avaliação da eficácia e segurança) e compare com as substâncias presentes no suplemento, em caso de dúvida pedir ajuda a um profissional de saúde.

- Privilegiar uma alimentação equilibrada e variada para que obtenha todos os nutrientes necessários. Veja a entrevista da nutricionista Lusmar Rodriguez: