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Incêndios Madeira

Avaliação do risco da situação foi insuficiente

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Na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o "Apuramento de responsabilidades políticas no combate aos incêndios ocorridos entre o dia 14 e 26 de Agosto", que hoje, desde as 10h00, está a ouvir, por videoconferência, o investigador do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil, Duarte Caldeira, este salientou numa primeira análise que a avaliação do risco da situação prece ter sido insuficiente, salientando que face ao histórico de incêndios na Região, ter-se demorado 3 dias para a declaração de estado de calamidade parece ter sido tardio.

O especialista que diz acompanhar como curioso o sistema de protecção civil da Madeira, em especial há cerca de 15 anos, quando em 2010, terminando o seu mandato como presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, visitou a região após a tragédia do 20 de Fevereiro, o que tem feito nos anos seguintes em todas as ocasiões com a informação possível e disponível sobre os eventos que têm ocorrido, nomeadamente os incêndios rurais.

Respondendo consecutivamente às questões dos deputados, Duarte Caldeira terá tido a principal afirmação logo no início, ao afirmar que ao analisar o relatório do IFCN, conclui que, "na fase inicial do incêndio, refiro-me às primeiras 24 horas, terá sido feita uma avaliação insuficiente da evolução do incêndio". E explicou a este propósito: "Hoje, a avaliação da evolução de um incêndio florestal, com as características do território da Madeira, potenciadas pelas condições meteorológicas, esta não pode ser feita apenas pela visualização do incêndio ou através de percepções. Ela tem que ser feita incorporando decisão operacional, com informação técnica e especialização."

Perante essa informação disponível, declarou não ser possível saber quem tomou a decisão pela avaliação no terreno, reforçando que o histórico de incêndios na Madeira deve estar sempre em cima da mesa, por assim dizer, para essa tomada de decisão sobre que meios e como devem ser disponibilizados, nomeadamente os suficientes para atacar um combate mais robustecido do fogo no seu início.

Duarte Caldeira também salientou duvidar da eficácia dos Canadair, que terão tido mais efeito mediático do que eficácia no combate, defendendo que os meios em terra é que têm capacidade para atacar e apagar fogos. A Madeira tem quase 730 bombeiros, sendo que destes 173 são profissionais das associações humanitárias de bombeiros, 320 voluntários, 188 sapadores e 48 municipais.

Duarte Caldeira insiste que "teria sido desejável" que nas 24 horas subsequentes, dadas as condições meteorológicas previstas nos dias seguintes, "fossem desencadeados todos os procedimentos, nomeadamente a activação do plano regional de emergência e protecção civil", que ajudaria não só a desencadear a resposta mas também, em termos preventivos, antevendo o que se poderia esperar nos dias a seguir.