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Portugueses devem permanecer equidistantes em temas que dividem a Venezuela

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O embaixador de Portugal na Venezuela recomenda que a comunidade portuguesa permaneça tranquila e "sólida nos seus propósitos", mas equidistante de questões que dividam o país, onde Maduro foi proclamado Presidente reeleito em julho, um resultado contestado pela oposição.

João Pedro Fins do Lago falava na Casa Portuguesa de Arágua, em Maracay, no encerramento da 3.ª sessão do Conselho Social da Venezuela, que reuniu diplomatas, conselheiros das comunidades, cônsules-gerais e honorários, e dirigentes do movimento associativo português.

"A comunidade deve permanecer trabalhadora, tranquila, equidistante de questões que podem ser de grande debate na Venezuela, muito candentes [...]. Deve permanecer equidistante relativamente a essas questões que podem dividir mais o país. Deve permanecer sólida nos seus propósitos, que são trabalhar e manter as suas famílias unidas, prósperas e a produzir", disse.

Em declarações à agência Lusa, João Fins do Lago explicou que a comunidade lusa está "perfeitamente integrada na Venezuela, perfeitamente consciente dos desafios que existem no país e com uma memória muito viva daquilo que foram os últimos cinco, seis anos da sua permanência na Venezuela".

"Vejo uma comunidade que está muito empenhada em trabalhar, que está preocupada com a sua proteção, com as suas famílias, mas ao mesmo tempo muito motivada para ficar num país que deseja que seja próspero, onde se encontrem diálogos que permitam, de facto, avançar por caminhos de paz", afirmou.

Esta comunidade, acrescentou, afirma-se portuguesa e venezuelana, com orgulho, pelo que não vai sair do país, onde quer continuar a trabalhar, enquanto Portugal vai continuar a dar-lhe "toda a atenção e toda a proteção".

Sobre a sessão do Conselho Social, o representante explicou que foram apresentados resultados significativos: "Aumentou o número de portugueses aos quais chega apoio social através do Estado, diretamente, através do movimento associativo português."

Aumentou também o número de entidades do movimento associativo português envolvidas e de projetos apoiados, tal como "aumentou a qualidade e a dimensão do trabalho feito pela rede médica apoiada na Venezuela".

"No caso da rede médica apoiada, há 60% mais de utentes que tiveram direito à sua consulta médica, que tiveram direito aos exames e tratamentos médicos. A rede médica sai desta reunião com uma proposta importante, de continuar no caminho da expansão, em termos de cobertura geográfica e em termos de profissionais médicos que disponibilizam o seu trabalho para chegar até aos portugueses mais carenciados", disse.

Segundo o diplomata, em 2023 a rede médica luso-venezuelana atendeu 1.280 pacientes e em 2024 já atendeu 1.748. Em termos de exames médicos, passaram de 722 em 2023 para 1.822 em 2024, ainda sem terminar o ano.

"É um aumento considerável que se traduz também no apoio em matéria de medicamentos. No ano passado, que foi um ano particularmente difícil, foram distribuídas 180 caixas de medicamentos. Este ano foram distribuídas 11.289", indicou, recordando que a rede médica funciona com o apoio de Portugal e das associações portuguesas locais.

Por outro lado, foi "alargado consideravelmente o número de beneficiários" do Apoio Social ao Idoso Carenciado (ASIC), devido a "um trabalho muito apurado da rede consular, da embaixada e do movimento associativo" luso-venezuelano.

"De 210 pessoas [beneficiárias], 129 conseguiram, com a ajuda do Estado português, abrir contas [bancárias] de modo a passarem a receber este apoio financeiro diretamente", sublinhou.