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Crónicas

A importância da liderança

A experiência diz-me que na vida nós damos para receber e se recebemos também devemos dar em troca

Um país, uma empresa, clube de futebol ou qualquer outra instituição pública ou privada vive da sua força humana e das ferramentas que tem ao seu dispor. Dos que todos os dias entregam o seu esforço para que as coisas aconteçam, os objectivos se cumpram e o crescimento possa dar azo a novas e diferentes conquistas e concretizações. Todos esses que fazem parte, têm as suas próprias ambições e particularidades, a sua forma de estar e de viver o seu emprego e distintas capacidades para desenvolver mecanismos que de uma forma ou de outra consigam articular tudo isso com a sua vida pessoal e particular, muitas vezes carregada de problemas e indefinições, horários difíceis de encaixar e expectativas familiares que nem sempre se cumprem. É mesmo assim o dia a dia de uma entidade composta por valores tão diferenciados quanto o valor de cada pessoa que a compõe. Das idiossincrasias dos diferentes movimentos que se fazem na procura da satisfação das necessidades de cada um e depois também do todo, que se faz o caminho na procura sempre exigente da rentabilização máxima de recursos e produtividade.

É por isso tão importante perceber como lidar com os recursos que temos à nossa disposição com especial ênfase nos humanos. É na liderança e na forma como conduzimos “o barco” que se começa a desenhar o sucesso ou o insucesso de qualquer empreendimento. Já passei, no decurso da minha vida, por diversas situações profissionais, já tive que responder a líderes muito diferentes uns dos outros e já tive eu próprio que assumir a liderança em situações bem diversas. É através dessa experiência multi-facetada assente no conhecimento de diferentes estilos, conjugados com aquilo que são capacidades inatas que me faz aprender a ser melhor todos os dias e aprender sobretudo a transferir para os que comigo trabalham a responsabilidade da tomada de decisão, a facilidade e a frontalidade na comunicação e no acrescentar ao espirito de grupo a natural empatia por cada um enquanto ser único e individual. Acredito que é na relação que temos com os outros e na forma como lideramos através do exemplo mas também da proximidade, que conseguimos retirar o melhor de cada um, seja numa empresa grande ou pequena ou até mesmo em casa, junto dos nossos.

E não há só uma formula de sucesso nem uma situação igual para cada ambiente. Tive por exemplo duas experiências bem estranhas no meu percurso, em que quem comandava as operações não conseguia desenvolver esse tipo de relação com os seus colaboradores. Se as empresas tinham sucesso? Diria que sim. Se podiam ser melhores? Acredito muito sinceramente que sim, também. Num dos casos o dono da empresa era uma pessoa austera e distante que não promovia empatia nem passava reconhecimento para os seus. Era aliás deprimente ver o medo que todos tinham cada vez que eram chamados ao seu gabinete de onde saíam quase todos invariavelmente a chorar ou com o coração aos saltos. Num outro caso o líder era próximo dos seus empregados mas estimulava intrigas permanentes, ao invés de cultivar um ambiente de felicidade e de boa relação entre todos, tentava por todas as formas dividir para reinar,, sempre com receio que lhe estivessem a passar a perna ou a tramar alguma.

Por outro lado, lidei com pessoas que tinham sempre a porta aberta do seu gabinete, para ouvir, para explicar mas também para exigir e responsabilizar. Quero acreditar que um bom líder não precisa de ser frio e desinteressado para com os que consigo colaboram. A minha experiência diz-me que na vida nós damos para receber e se recebemos também devemos dar em troca. Não devemos ter medo de ter quem tenha tanta ou mais inteligência que nós, à nossa volta, nem de quem tenha a vontade de crescer e de ambicionar mais através do seu esforço e da sua dedicação. Estarmos atentos à vida dos outros para além do trabalho, mostrarmos empatia e respeito pelo que os outros passam, agradecermos a forma como se entregam e sabermos recompensar quem merece, seja por palavras, por um bónus no vencimento ou muitas vezes por um sorriso faz com que do outro lado exista a vontade de dar mais aquele bocadinho. Faz com que acordar de manhã não seja um fardo mas um motivo de felicidade e sim isso faz toda a diferença. Não é sinónimo de falta de exigência mas sim do assimilar da importância de uma verdadeira liderança. Talvez por isso reconheça nas boas práticas que Ruben Amorim introduziu no seu grupo de trabalho uma parte fundamental do seu sucesso. Primeiro a capacidade para assumir erros e pedir desculpa, depois assumir que “onde vai um vão todos”. E quando todos vão para o mesmo lado os resultados aparecem com naturalidade.