Um Apelo Simples: Recuperar o Governo para o Povo
Amigos, isto não pode continuar assim. Estamos a viver tempos difíceis, e muitos de nós já não conseguem sequer imaginar um futuro melhor. O que vemos à nossa volta? Um sistema que já não serve as pessoas, mas sim os que estão no poder. Na Madeira, e em todo o país, parece que tudo está feito para proteger os políticos e as suas amizades. Há décadas que é assim, e todos os anos ouvimos as mesmas promessas. Mas as nossas vidas continuam iguais… ou piores.
Há quase cinquenta anos que o mesmo partido manda na Madeira. Não importa quantos escândalos aparecem, não importa quanta corrupção se descubra, eles continuam a ganhar. Porquê? Porque têm as pessoas certas do lado deles: nos empregos do governo, nas empresas que vivem dos contratos do Estado. Até aqueles que podiam votar contra têm medo de perder o pouco que têm. E as eleições? São só uma repetição do mesmo teatro. Muda a cara do líder, mas quem manda de verdade nunca muda.
E os outros partidos? Achavam que podiam ser diferentes, mas não são. A verdade é que também pensam primeiro neles e só depois no povo. Trocam favores entre si, fazem acordos escondidos e continuam a deixar-nos abandonados. Olhem à vossa volta: quem acredita ainda na política? Quase ninguém. É por isso que tanta gente já nem vai votar.
Para quê? Para nada mudar?
Enquanto isso, nós, as pessoas que trabalham e lutam todos os dias para sobreviver, continuamos a perder. A classe média, que antes dava alguma segurança às famílias, desapareceu. Muitos de nós já nem conseguem garantir as coisas mais simples para as nossas famílias: água limpa, transporte, trabalho com um salário justo. E para quê? Para políticos que vivem vidas que nós nem conseguimos imaginar, com dinheiro vindo das suas empresas privadas, negócios e investimentos. Eles acumulam riqueza enquanto nós só queremos o básico.
Pensem na água. Todos precisamos dela. É um direito de qualquer pessoa. Mas mesmo isso, até a água, parece estar fora do nosso alcance. Não interessa se é pública ou privada, o que interessa é que seja acessível e segura para as nossas famílias – e que não seja gerida com fins lucrativos. E o transporte? Hoje estamos piores do que há séculos.
Não há barcos para ligar as ilhas ao continente como devia ser. Ficamos isolados, esquecidos.
E o Parlamento? Sabem quem está lá? São pessoas que têm empresas, negócios e interesses próprios. Eles não sabem como é viver no limite, contar trocos para pagar as contas, ou preocupar-se com o que vamos dar aos nossos filhos ao jantar. Como podem essas pessoas representar-nos se vivem num mundo completamente diferente do nosso?
Já basta. Precisamos de algo diferente, porque isto não está a funcionar. O governo não devia ser um palco para políticos enriquecerem. Devia ser para servir as pessoas. O poder precisa de sair das mãos destes partidos e ir para profissionais que saibam o que fazem e que se preocupem connosco. Os políticos podem continuar no Parlamento, a representar as ideias e a discutir as leis. Mas gerir o país tem de ser feito por pessoas competentes, não por quem está a proteger os seus próprios interesses.
Eu sei que isto não é fácil de ouvir. Parece impossível mudar. Mas a verdade é que não é.
Se já tivemos coragem no passado para mudar o rumo do país, podemos fazer isso outra vez. Não é uma questão de promessas ou discursos bonitos. É uma questão de sobrevivência, de dignidade, de lutar por um país onde os nossos filhos possam ter uma vida melhor do que a nossa.
Os nossos avós enfrentaram mares desconhecidos, arriscaram tudo para criar algo maior.
E nós? Vamos ficar de braços cruzados? Não. O que precisamos é de união. Juntos, podemos mostrar que o poder do povo é maior do que o dos partidos. Podemos alcançar os dois terços necessários para reformar o sistema, para que o governo sirva a todos nós e não só a alguns. Não estamos a falar de divisões, mas de esperança e solidariedade.
Unidos, podemos construir um sistema onde a democracia funcione de verdade, onde cada pessoa seja respeitada, e onde o bem comum venha antes de qualquer interesse pessoal.
Agora é a nossa vez de fazer história - em paz, com união, e com determinação.
Élvio de Assis Fernandez Freitas