Brincadeiras no recreio
Não consigo relativizar a importância que tem, para nós todos, este brincar à política que temos vindo a assistir nestes últimos meses, sem que alguém consiga sair bem na fotografia.
É verdade que não virá grande mal ao mundo se tivermos de ser governados por duodécimos durante alguns meses e que isso provavelmente até ditará a não prossecução de alguns disparates, os costumeiros, no PCIEC – Processo de Cimentação da Ilha Em Curso.
Temo que alguns eleitos não percebam o que se diz à boca pequena, até podendo não corresponder à verdade mas que, qual rastilho de pólvora, é boato que não só alastra como aumenta. E quem conta um conto…
Que estão agarrados ao poder; que se dali saírem vão no segundo seguinte presos porque ficam sem imunidade; que os casos são mais que muitos e atingem todos, mesmo que alguns se tenham envolvido não à procura de benefício pessoal mas sim do partido; que está tudo ainda em investigação. E por aqui fico, já se sabe, porque a falta de caracteres assim o dita…
Receio também que ninguém entenda uma moção de censura justificada por um caso que o não é de certeza. Nem sequer um casinho! É verdade que a situação só piorou com o inacreditável adiamento da dita moção, o espelho de que a tática política se sobrepõe sempre aos princípios e regras do mais elementar bom senso.
Enquanto tudo isto se passa, o mundo continua a girar. E a nossa vida também continua, neste absurdo democrático de consequências evidentes, que é sermos governados sempre pelo mesmo partido político há tantos anos.
A responsabilidade é nossa e, para mal de muitos, é isto que têm ditado os sucessivos resultados eleitorais. Mas e os tais princípios que devem reger a actuação de cada um de nós, muito especialmente dos que ocupam funções públicas?
Compreendo bem a questão da legitimidade formal; fomos nós que a conferimos! E compreendo mal quem queira resolver isso na secretaria. Mas gostava que quem detém essa legitimidade formal pudesse pôr a mão na consciência e, até pelos próprios, por tudo o que já fizeram e deram, pudessem entender qual a decisão que devem tomar. Tanto isso os engrandeceria…
Enquanto tudo isto se passa, alguns continuam a avançar, preparando-se para o que aí vem, num quadro de enorme indefinição geral. Nós, por cá, brincamos aos anúncios, seja dos também costumeiros apoios, que não têm data de início, seja de mega resultados de crescimento sem cuidar das respectivas consequências nefastas, seja de novos e repetidos prémios que tão bem fazem ao ego e pouco dano causam ao bolso. Mas causam…
Enquanto tudo isto se passa, celebramos uma democracia que fez 50 anos, entregue a políticos com maturidade de 12. A responsabilidade é nossa, repito, toda nossa mas, caramba, é pedir muito que cada um dos partidos arranje adultos em número suficiente para tomar conta das crianças no recreio?