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Madeira

Albuquerque minimiza pressão humana na Laurissilva

Presidente do Governo Regional aponta ‘baterias’ às espécies invasoras, o “principal problema” desta da floresta considerada Património Mundial Natural há 25 anos

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Foto Miguel Espada/ASPRESS

O Presidente do Governo Regional voltou, esta manhã, à margem da conferência que assinala os 25 anos da inscrição da Floresta Laurissilva da Madeira na lista do Património Natural Mundial, a recusar a existência de turismo de massas na Madeira, falando, antes, na necessidade de “coordenação de alguns pontos da Madeira que são muito visitados".

Miguel Albuquerque disse ser prioridade "garantir que não há um acesso muito congestionado aos locais". Por isso, o Governo Regional está empenhado em "diversificar a oferta, quer dos percursos, quer das atractividades", bem como garantir "uma coordenação em termos da afluência".  

Nesse sentido, salientou o “sucesso” das medidas já colocadas no terreno, como o pagamento dos percursos pedestres classificados e dos estacionamentos junto a áreas florestais muito procuradas, como as Queimadas ou o Pico do Areeiro.

“Tudo está a correr no sentido de garantirmos – não é só a pressão humana – que as pessoas quando vão visitar este património único terem a possibilidade de usufruir, em condições, de tudo aquilo que esta relíquia do terciário tem para oferecer”, afirmou Miguel Albuquerque, aos jornalistas.  

Quanto à Laurissilva, que motiva o encontro que decorre ao longo desta sexta-feira no Centro Cultural e de Investigação do Funchal, contando com a presença de alguns especialistas nacionais e internacionais, o presidente do Executivo madeirense fez questão de apontar que o "principal desafio" prende-se com o “evitar que as plantas infestantes afectem a Laurissilva”, tendo feito questão de destacar duas delas, a bananilha, o maracujá-de-banana e a tabaqueira.

Para o combate às invasoras, Miguel Albuquerque salientou os “constantes investimentos do Governo” que têm de ser feitos, recusado, mesmo, algumas das notas apontadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), no seu terceiro ‘World Heritage Outlook’ sobre a Laurissilva da Madeira, quando referiam, em 2020, que “subsistem várias limitações, nomeadamente a falta de recursos financeiros”, que juntamente com as “restrições orçamentais” dificultavam a aplicação integral do “bom plano de gestão” aprovado em 2009.

O líder do Executivo regional exemplificou “o investimento de milhões” que diz estar a ser feito na Floresta Laurissilva com a contratação de mais elementos para o Corpo de Polícia Florestal, de Vigilantes da Natureza, monitorização, reabilitação de percursos. “Tem havido um investimento massivo”, sustentou Miguel Albuquerque, não deixando de notar a falta de apoio das entidades internacionais que instituem os bens da lista do Património Mundial.

“Eles são muitos afoitos a declarar as reservas, dão-nos umas grandes medalhas e umas grandes e umas grandes ovações, mas depois, em termos de fundos, estamos sempre limitados”, procurou fundamentar.

No seu discurso, na cerimónia de abertura da conferência, o presidente do Governo Regional reforçou a tese defendida uns minutos antes pelo antigo secretário regional de Agricultura, Florestas e Pescas, Bazenga Marques, dizendo que “o património Laurissilva deve ser usado e existe para ser bem usado e usufruído pelas pessoas, não é para ficar numa redoma inacessível”.

Miguel Albuquerque adiantou, na ocasião, que um dos “dois bons problemas” que o seu governo tem para resolver passa pela “reorganização dos percursos e a forma como vamos melhorar o acesso, quer dos locais, quer de quem nos visita, para poderem usufruir dos nossos percursos na Laurissilva”. Nesse sentido, reforçou que os mesmos deverão ser dotados de “melhores condições de segurança e funcionais”.

Como segundo grande problema, voltou a focar as espécies invasoras. Nesse âmbito, destacou alguns trabalhos que têm sido desenvolvidos “nas zonas limites de Laurissilva” para contenção das infestantes, exemplificando com o que terá sido feito na “zona baixa da Boaventura”.