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Madeira

Mercado de arrendamento pesa na decisão de abandonar uma relação abusiva

Lila Alves, técnica de Apoio à Vítima, afirmou que o maior desafio que as vítimas de violência doméstica enfrentam são os valores incomportáveis do mercado de arrendamento na Região

No rescaldo do Dia Internacional pela Eliminação da Violência sobre as Mulheres, que decorreu no passado dia 25 de Novembro, a convidada do DIÁRIO-Saúde desta semana abordou o tema, apontou a importância de salvaguardar a segurança da vítima antes de formalizar uma denúncia e falou das dificuldades.

Quanto ao principal desafio que as vítimas enfrentam actualmente, Lila Alves,  assistente social e técnica de Apoio à Vítima, garantiu que são os valores praticados no sector imobiliário na Região, que muitas vezes levam a que a pessoa lesada permaneça na relação abusiva, por não poder pagar uma casa ou até mesmo um quarto.

Uma vítima que saiu de uma relação abusiva, neste momento, não está a conseguir se autonomizar. É difícil e incomportável os valores que existem no mercado de arrendamento, para por exemplo um agregado monoparental conseguir pagar todas as contas ao final do mês. Temos rendas a 1.000, 1.200 euros, onde nem sequer conseguem ter um quarto para os filhos. É muito difícil para elas e isto pesa também na decisão da saída da relação abusiva. Lila Alves, assistente social e técnica de Apoio à Vítima

A profissional explicou na entrevista presente no canal do DIÁRIO, no YouTube, que a violência doméstica é um crime público, “o quer dizer que qualquer pessoa pode fazer queixa desde que tenha conhecimento. No entanto, a queixa por si só pode ser um factor de risco para uma vítima”.

Se for vítima não hesite em recorrer ao apoio especializado. Aqui na Madeira temos duas estruturas de atendimento, que vão empoderar esta pessoa de forma que ela tome decisões estruturadas e que não a coloquem em risco quando faz a denúncia.

Lila Alves sublinhou que caso a vítima ainda permaneça com o agressor quando este último é confrontado com a denúncia, mesmo que feita por outra pessoa, pode colocá-la em perigo, daí a importância de procurar ajuda especializada antes.

“Se houver a necessidade de sair de casa existem também três casas de abrigo aqui na Região, com um total de 46 vagas. São três valências que independentemente de estarem cheias, há sempre espaço para mais alguém. Ninguém vai ficar sem ter segurança ao fazer esta denúncia, porque precisam mesmo de ter um sítio que as possa proteger”, referiu a técnica.

De acordo com a assistente social, há muitas mulheres que quando saem de uma relação violenta “têm dificuldade em recorrer aos serviços públicos e, em saber os seus direitos, por isso é importante que estejam munidas de informação para poderem enfrentar este tipo de processos”.

A entrevistada do DIÁRIO-Saúde explicou ainda quais são os sinais a ter em atenção, referindo que na maioria dos casos os primeiros nunca são encarados com a devida seriedade, apresentando o ‘violentómetro’, que integra a campanha regional  ‘Click na Mudança’ e serve para ajudar a fazer uma melhor leitura da situação a que está exposta(o).

A violência doméstica é um crime público, o que permite que seja denunciado por qualquer pessoa, mas sempre salvaguardando a segurança da vítima primeiro.

Saiba onde pode pedir ajuda, seja para si ou para alguém que conheça.