Empresa de Eletricidade da Madeira empenhada em reduzir emissões de CO2
A Empresa de Eletricidade da Madeira diz-se empenhada "em reduzir as nossas emissões através do investimento em energias renováveis". Esta foi uma das declarações de Francisco Tabuada, presidente da empresa, no primeiro painel do 3.º Encontro de Associações Insulares Atlânticas de Engenheiros, que se está a realizar no Museu de Electricidade.
“A nossa contribuição é de cerca de 300 mil toneladas anuais de CO2, o que representa apenas 0,000006% das emissões globais", disse, assumindo que, apesar de ser uma contribuição mínima, há empenho em reduzi-la ainda mais. Francisco Tabuada destacou ainda que a Madeira duplicou a produção de energia renovável desde 2005 e prevê uma nova duplicação até 2030, num esforço sustentado que já ultrapassou os 200 milhões de euros em investimento.
Ilia Gutiérrez, especialista em interconexões energéticas, trouxe ao debate denominado 'Energia em Sistemas Eléctricos Isolados', a experiência das Canárias, com a unificação dos sistemas eléctricos de La Gomera e Tenerife. “A ligação entre estas ilhas, feita através de cabos submarinos e terrestres, representa um avanço significativo na resiliência e eficiência do sistema elétrico. Este projecto não só reduz o isolamento energético, como permite uma maior integração de fontes renováveis”, afirmou Gutiérrez, que também abordou os desafios técnicos associados à instalação de cabos em terrenos difíceis e à proteção de ecossistemas marinhos.
Miguel Martins, da Eletricidade dos Açores, renováveis, SA, fez uma análise comparativa entre os arquipélagos dos Açores e Madeira, realçando as particularidades de cada região. “Nos Açores, 35% da energia consumida em 2023 teve origem renovável, com metas ambiciosas de 72% até 2030. Apesar das diferenças, partilhamos desafios semelhantes no que toca à gestão de sistemas elétricos isolados e à necessidade de soluções inovadoras”, explicou. Martins destacou ainda a aposta dos Açores na geotermia, enquanto a Madeira investe em diversificação entre hídrica, solar e eólica.
Sérgio Leandro Medina, investigador na área de energias renováveis em Canárias, abordou os desafios da intermitência das fontes renováveis em sistemas insulares. “A localização geográfica das ilhas limita a interligação com redes externas, o que exige soluções como sistemas de armazenamento hidráulico reversível, que ajudam a estabilizar a rede e maximizar o uso de renováveis.” Medina sublinhou ainda o potencial dos veículos elétricos como unidades de armazenamento bidirecional, promovendo uma gestão inteligente da energia.
“Estas ilhas podem ser pioneiras na transição energética global, mostrando como é possível alinhar segurança energética com sustentabilidade ambiental”, concluiu Medina, reforçando a importância de investimentos públicos e privados para concretizar este objetivo.
O painel destacou o compromisso das ilhas atlânticas com a sustentabilidade, reafirmando o papel crucial da inovação tecnológica e do planeamento estratégico para enfrentar os desafios energéticos de sistemas insulares.