Investimentos para o fundo do mar sofreram reveses
Aquisição de veículos não tripulados vai a concurso. O do barco está aberto
O Governo Regional publicou ontem no Jornal Oficial da Região Autónoma da Madeira – JORAM a distribuição de encargos para uma nova parte do investimento em Tecnologias Oceânicas da Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação (ARDITI), isto depois de dois reveses nos procedimentos relativos à compra do navio científico e de um equipamento não tripulado. A repartição dos encargos orçamentais é especificamente com vista ao lançamento do concurso público para a celebração de contrato de aquisição de dois AUV (Autonomous Underwater Vehicle), um veículo autónomo subaquático não tripulado de 1.000 metros e um segundo para navegar até 6.000 metros de profundidade.
O projecto TC-C10-i06 no global contempla a construção de um navio de investigação polivalente e a aquisição de três veículos autónomos não tripulados, um de superfície e dois de profundidade, num total de 20 milhões mais IVA, financiados a 100% pelo Plano de Recuperação e Resiliência. A distribuição de encargos agora aprovada e publicada visa a aquisição dos dois veículos de profundidade, sendo que o de superfície já está na Madeira, custou 3,4 milhões chama-se Drix e permite o mapeamento do fundo do mar através de sensores.
Os novos equipamentos deverão ser lançados num concurso público único muito em breve, a proposta vai hoje à reunião semanal do Executivo na Quinta Vigia. Vão custar 6 milhões de euros, mais IVA, sendo que deste valor 4,8 milhões são assegurados pelo Orçamento de 2025 e os restantes 1,2 milhões pelo de 2026.
Este ano tinha sido lançado um concurso para a aquisição do equipamento para navegar até mil metros de profundidade, mas o único concorrente acabou por não apresentar um documento e o concurso caiu por terra. Também o concurso para compra da embarcação científica acabou anulada porque o concorrente classificado apresentou uma proposta com valor superior ao valor base, o que automaticamente o exclui do concurso público.
Com este revés e em contra-relógio, o Governo lançou um novo concurso, que está a decorrer, este para uma embarcação mais pequena. O objectivo, explicou o presidente da ARDITI, Rui Caldeira, é ganhar tempo, optando por uma embarcação semelhante a outras já construídas pelos estaleiros no passado ao invés de uma feita à medida que implicaria um trabalho de concepção desde raiz. Este barco terá de ser entregue obrigatoriamente até Junho de 2026.
Já em relação aos equipamentos não tripulados, a ARDITI realizou um novo estudo de mercado e concluiu que seria mais benéfico comprar os dois equipamentos em conjunto e com partilha de alguns componentes e baterias.
O AUV (Autonomous Underwater Vehicle) de 6.000 metros permite ir ao mar mais profundo, mas tem autonomia de 48 horas; enquanto o de 1.000 metros é de longo alcance em termos temporais, pode passar vários meses na água. Deverão levar entre 12 a 14 meses a serem construídos, adiantou o também investigador.
Os equipamentos terão de estar obrigatoriamente prontos até à data limite do PRR, 2026.